Em respeito ao meu cigarro
À música que toca no carro.
Minha insônia, meu sossego
À minha visão de cego
Minha aversão pelo vinho
Meu gosto de andar sozinho
Em respeito a minha dor
Meu rastro de interior
Minha preguiça para festas
Não obstante as serestas
Em respeito ao meu fado
Meu jeito de andar de lado.
Ao filme que vejo, ao livro que leio
Ao meu poema feio
Aos jogos do Fluminense
Minhas séries de suspense
A todos os meus amigos
Os que ficaram comigo
Ao ar gelado do carro
Camané, Carlos do Carmo
Aquele filme turco de muitas horas
A minha ojeriza por demoras
Meu luto em capítulos longos
Uns quadrados, outros redondos
Minhas canções de afeto
Minha insistência em estar perto
As esquinas que passei
As que simplesmente aceitei
À convivência com meus filhos
Rara, dispersa, fora dos trilhos
Ao que foi feito para não ter fim
E só estava em mim.
Por todo tempo perdido
Por sua falta de apego
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