quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

O Sol da noite no Kiskina Chopp

Um litro de pinga com sukita e uma porção de moela. Um violão em mi maior, lá menor e ré menor, as três posições básicas de Carlinhos Béssa. Todas as músicas se encaixavam ali. Inês saiu dizendo que ia comprar um pavio pro lampião. Pode me esperar, Mané, que eu já volto já.
E as menininhas. As menininhas adoravam samba. E ficavam ali conosco até de manhã. Eu tinha um fusquete azul que tinha uma enorme folga na direção, tinha que começar a virar um quilômetro antes da curva. E 17 anos de uma irresponsabilidade só. E gasolina contada. Um litro pra ir à roça e outro pra voltar. Era tudo que tínhamos. Pouquíssimo dinheiro no bolso, mas como éramos felizes por estar ali.
Nada de febre amarela, nem big brother, só nós e as menininhas. Nada de seios siliconados, bundas abjetas. Bebíamos fartamente e a conversa rolava solta. Discos da Elis furavam na vitrolinha philips. E MPB4 e Milton e Paulinho.
Passávamos férias inteiras assim. Bêbados de poesia e pinga. Os meninos da Rua do Alfredo. Nada de ressacas homéricas, não existia depressão nem risco de câncer.
As noites de sábado poderiam terminar na Cabana ou no Bola Preta. Subvertemos os progressivos da Cabana e impusemos música brasileira. Só os idiotas da objetividade não gostavam. Era frevo solto.
Miracema dormia e o Sol queimava o Kiskina Chopp.

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