quinta-feira, 26 de junho de 2008

Atualizando

E, como uma alma penada que volta sobre seus próprios passos, voltava eu para a varanda da frente da Santa Anita florida de azaléias e gerânios em que certa tarde fiz vovó ler Heidegger para mim (contra a vontade dela), e na qual enquanto ela lia resignada e eu me balançava placidamente no balanço procurando seguir o fio dos árduos pensamentos, um beija-flor que revoava sobre os vasos de plantas, embaralhava o fio com seu vôo e não deixava que me concentrasse. De repente o beija-flor pousou num gerânio, o tempo parou e a tarde se eternizou nesse instante. No escuro da noite, na cegueira da minha vida, na prisão de mim mesmo, na estreiteza desse quarto, na pequenez dessa cama, entre pernilongos e balas, pude recuperar esse instante e ele trazia as cores do beija-flor: azul, vermelho e verde.
Fernando Vallejo.

Todo torcedor tricolor sabe que o time é capaz de virar esse jogo na quarta que vem. Todo torcedor tricolor sabe que toda vitória do time é sofrida. Nem pensei, ao responder a enquete do Globo de ontem: vamos ganhar, mas vamos sofrer. Foi assim, meio de ressaca e combalido, que acordei hoje daquele fiasco de ontem. O time precisa jogar bola. Será que o Renato sabe disso?
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Passei minha bibioteca do Itunes pro Euclides. São mais de oito mil canções escolhidas nos últimos cinco anos, desde que comprei meu primeiro Ipod. Ele quer filtrar. Filtrar uma biblioteca é como construir uma ruina. Gosto igualmente tanto de Bule Bule e Antônio Queiroz quanto do terceiro movimento da Titã. É indivizível. Ou por outra, só eu posso dividir.
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O novo disco velho de Mônica Salmaso (gravado em 2002, saiu só agora), Nem um Ai, é um consolidado de grandes canções brasileiras tratadas de forma atonal por um time de bons músicos. A primeira vista, estranho. A segunda vista, duvidoso. Na terceira você começa a gostar.
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Depois de fechar minha ida para Paraty na FLIP, estou fazendo a programação OFF: Elisa Lucinda no Che Bar na quinta, Maria Marta no Margarida Café na sexta, almoçar no Santa Rita no sábado e por aí vai.
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A Reunião do Colégio Nacional de Auditores (São Paulo ontem), tem passado por um momento delicado com relação a interesses locais, regionais e nacionais. Percebo que algumas solicitações de pauta vêm ao Colégio apenas com o interesse de atender a uma demanda específica de um lugar. Nesse país de proporções continentais, muita coisa que serve pr'aqui, não serve pra lá e vice-versa. E o Colégio tem que ter maturidade pra separar essas questões com imparcialidade.

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