sábado, 18 de outubro de 2008

Noites no BF

Só pra registro, estou anotando as noites que bebo e acordo bem. Um deprimido está mais ou menos condenado à não embriagar-se com vinho, e não é sempre que consigo me embriagar só com poesia ou virtude, como queria Baudelaire.

Sempre fui um bebedor contido, mas de uns anos pra cá, nem isso. Bebo muito pouco. Sobram-me garrafas de whisky, que o esperto do meu terapeuta queria que eu aproveitasse o natal e desse algumas de presente. Nada disso! Enquanto há garrafas, há uma espécie de esperança. Esperança do tempo em que eu bebia e acordava muito bem.

Bom, isso tudo é pra dizer que bebi e acordei muito bem. Isso já tinha acontecido na noite em Puerto Iguazu e nas últimas vezes que vim ao BF em Miracema. Conto a de Puerto, porque foram poucas. O segredo é muito simples: boa conversa, bons amigos, nenhuma espectativa, falamos bobagens, contamos histórias e todo mundo sai dali esquecido do que falou. Ninguém promete nada, a crise mundial passa longe, não há nem faisca de vaidade e a carne muito bem servida pelo Sebastião. E os filhos por perto.

São coisas simples, que ninguém repara se não for lembrado dessa forma escrita, mas que têm um valor incremental muito grande para deprimidos em recuperação crônica.

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