quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Noite de paz

Meu pai foi sócio nos anos 70 e 80, da Usina Santa Rosa em Miracema. A Usina já fabricou a melhor cachaça do Estado: a Rosa de Prata. Hoje é um arremedo de ferro abandonado.
Mas me lembro que em 79, havia um cartão de natal com uma foto preta e branca da Usina contendo a seguinte frase: "que o Natal traga a paz necessária ao progresso". Simples assim.
Eu tinha 18 e fiquei encantado com a frase. Nunca esqueci do cartão.
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Nos meus últimos natais, esse cartão tem voltado sempre, como um alumbramento: que mistério daquela frase havia me deixado tão impressionado?
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Eu tinha um certo orgulho do meu pai por ter conseguido levantar a Santa Rosa depois de muito trabalho, esforço pessoal e doação. Uma vida inteira de trabalho coroada com um empreendimento daquela monta. Aquele cartão podia também simbolizar tudo isso.
Eu era um menino completamente sem noção das responsabilidades da vida, tudo que fazia era estudar e ouvir música, não necessariamente nessa ordem. A idéia de trabalhar e ganhar meu próprio dinheiro ainda não havia me contaminado. Eu era feliz e, sim, sabia!
Dava valor às pequenas coisas, como aquele cartão. Esse cacoete de dar valor às pequenas coisas, eu ainda não perdi.
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Hoje sei muito bem que o recado que o menino mandava para si mesmo ao longo desses anos todos, era o de procurar estar sempre em paz. Que a paz é a chave de todas as frases, de todos os recados.
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Em tempos de paz, é possível resgatar aquele menino apaixonado por um simples cartão. É isso que desejo a todos os meus bons amigos.

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