quinta-feira, 19 de março de 2009

Muitos ouvidos

Descobri há pouco tempo que não tenho oito nem doze ouvidos, de forma que só posso ouvir um Ipod de cada vez. Essa constatação coincidiu com o amadurecimento do gosto musical das meninas (acompanho entusiasmado meus próprios passos antigos). Foi daí que resolvi distribuir meus Ipods. Já tinha dado para elas um shuffle, agora foi um mais robusto.
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Dei um nano pra Laura e um video pra Luisa. Chicó ficou andando de lado, observando, como se dissesse: - E eu, nada??? O menino de sete anos ainda não tem nenhum cacoete para música. Ainda é cedo, Chicó!
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Sobraram-me um video de 60G e um shuffle de 1G. O que uso mesmo é o shuffle. É a música que escuto nas barcas, na rua, no calçadão da praia de Icaraí. Seleciono dez ou onze discos novos e carrego.
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Da última seleta começo a perceber lampejos de genialidade dos discos novos do U2 e de Rômulo Fróes. Rômulo Fróes é um paulista do samba que gravou dois discos essenciais: Calado e Cão. Agora veio com esse duplo No chão sem o chão. São discos que você vai aprendendo a gostar devagarinho e de repente se tornam obras primas.
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Também tenho ouvido Mucha Mierda, da Orquestra Típica Fernandes Fierro. Excelente! Gente nova tocando tango a moda antiga. E Quando salga el Sol, do Arbolito, um grupo especializado em música tradicional argentina.
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A voz lânguida de Verônica Sabino em Que nega é essa? também está no shuffle. É um disco ao vivo revisional como milhares que têm saído por aí. Verônica canta bem. Principalmente Não se afasta de mim. É de armar o boneco só de ouvir.
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Outra Verônica, a Ferriani também foi alocada. Não gostei. Repertório deslocado, arranjos datados e até aquela canção datada, Com mais de trinta. Continua datada. Já vi Verônica cantar com Chico Saraiva e no samba da Lapa. Sempre bonito. Merecia um disco melhor.
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O grande defeito do shuffle é que ele não dá o nome das músicas. Selecionei um disco instrumental que até agora não descobri do que se trata. Esqueci. E é bem enjoado.
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Tem uma ascensorista antiga da empresa que toda vez que eu entro de manhã cedo no elevador, ela começa a cantar uns cânticos religiosos em voz alta. Acho que ela acha que eu sou o capeta em pessoa.

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