domingo, 21 de junho de 2009

Lenha

Saio muito pouco daqui da minha toca em Niterói. Reluto às vezes em ir até à Casa Sendas comprar comida. Sair de noite, então, tem que ser uma coisa muito bem planejada. Imagino que, quando Laura e Luisa vierem pra cá, tudo isso deve se renovar. Mas não sei se volto a ser aquele moleque pendurado nos seis e meia dos teatros atrás de boa música, boa palavra. A rede (deve ser por isso que tem nome de rede) deixou a gente muito próximo de tudo, um filme que está hoje nesses cinemas minúsculos, amanhã já saiu em DVD.
Meus amigos daqui estão comigo todo dia no trabalho. Mas quando falamos em noite, tem que marcar com um ano de antecedência.
De forma que esse encontro de hoje na casa da Renatinha operou um verdadeiro milagre.
Saí de casa cedo pra chegar lá a tempo de ver o jogo do Fluminense. Peguei a barca Brisamar, a mais velha de todas as cantareiras. É uma barca lenta, que só tem a parte de baixo, eles usam pra sacanear os clientes no fim de semana. Estão sempre arranjando um jeito de piorar.
Fui lendo o Globo de amanhã (hoje). Nunca concordei muito em ler o jornal do dia seguinte, mas pelo tempo de percurso, valia a pena. Pela ordem, Calazans, Veríssimo, João Ubaldo, Xexéo e algumas notícias soltas. De ficar horrorizado com essa robalheira cada dia mais patente do senado.
O jogo foi um mal sinal. Esse juiz sempre dá um jeito de prejudicar o Fluminense no final. Amarelei depois de algumas stelas e do golzinho no final do Avaí.
Custei um pouco pra aprumar. Mas o fato de estar entre amigos queridos, que vivem o meu dia a dia e já me conhecem, ajudou bastante. Já se acostumaram comigo. Começo o dia de mau humor e vou melhorando aos poucos. De noite não foi diferente.
Renatinha, obviamente, percebeu e tratou de me adequar novamente ao clima. Renatinha tem esse dom. Sem conversa, sem agrados explícitos, consegue diagnosticar e reverter meu mau humor. 30 anos de estrada, no que pese um longo hiato, trata de mim como sempre tratou: com a compreensão e o afeto inerentes aos raros melhores amigos.
De resto, tudo esteve muito bem. Os Pinheiros estavam inspirado pra escollher os acepipes, fiquei biritando e comendo aquelas castanhas na hora do jogo, quase perco minha fome no tempo principal. Mas como perdê-la depois daquele monte de fondue preparado pela Renatinha?
Ficamos ali comendo e jogando conversa fora até meia noite. Cheguei a pegar do violão pra tocar Lenha, que aprendi com Zeca Baleiro no Rival e quase esgoto meu repertório.
Conheço o Professor Schott há pouco tempo, mas pela maneira com que nos damos, parece que somos amigos desde sempre. Voltei com ele ontem. Não foi diferente.

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