segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Sobre livros

Muito interessante a crônica de Alberto Mussa no Prosa e Verso de sábado. Ele conta a história de sua biblioteca. O gosto precoce pela leitura, herdou do pai. Conta que o pai tinha estantes de livros até na garagem. E que ele, começou a organizar a sua própria até ficar sufocado pela idéia de que iria levar mais 60 anos para ler aquilo tudo.
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No caderno de domingo, Arthur Xexéo aborda o mesmo tema de forma diferente. Conta que sente inveja das pessoas que começaram a vida lendo romances e que ele lembra que suas primeiras leituras se restringiam a Bolinha e Luluzinha.
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Encontrei-me nas entrelinhas das duas crônicas. Comecei lendo gibis. Tinha obsessão pelos quadrinhos. Os livros só me chamaram a atenção mais tarde. Era um menino normal. Li os livros da escola primária (lembro d'O caso da borboleta Atíria e o Escaravelho do diabo), com indifarçável indiferença. Acho que fiquei viciado em letras depois dos 20.
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Na crônica de Mussa, encontrei uma verdade que poderia ter escrito: a necessidade da construir a biblioteca de forma independente. A minha aconteceu de forma independente e desordenada. Nos primórdios, procurava esgotar os autores. O primeiro escritor que deu-me prazer em ler foi Leon Eliachar. Ria muito com aqueles epitáfios, de seus Homens ao zero, ao quadrado e ao cubo. Depois, motivado pelo Brasileiro profissão esperança, comecei a ler tudo que saía de Antônio Maria, a começar pel'O Jornal de Antônio Maria que o professor Kléber Borges me emprestou e eu nunca devolvi. Depois, esgotei Fonseca ( comecei com Buffo e Spallanzani), Cony ( comecei com Quase memória), Bukowski (comecei com Cartas na rua), Rubem Braga (comecei com 200 crônicas escolhidas), Sérgio Santanna ( comecei com Um romance de geração) , peguei a mania de ler tudo de cada autor.
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Quanto à poesia, estranhamente aprendi a gostar mais da poesia falada do que lida. Comecei a amar mais Manoel de Barros, Manuel Bandeira, Drummond, Pessoa, Vinicius, depois de ouvir Autran, Abujamra, Pedro Paulo Rangel interpretá-los.
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Hoje sou mais disperso e não leio tanto quanto quereria. Mas minha biblioteca continua crescendo. Procuro sempre que posso, alternar entre um clássico e um autor novo, mas nada é lógico no meu ler. Vinicius dizia que whisky é cachorro em forma líquida. Meus melhores amigos são meus livros espalhados pela casa. Um dia eu arrumo. Um dia eu leio todos eles.

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