Quente como um sopro de vida que vem devagar e vai tomando conta dos braços que já não são seus, pernas que já não são suas, como se fosse possível romper a manhã depois da morte lenta. Esses lapsos de maio de cores indestrutíveis, esses festejos do corpo, essa gana de continuar vivo, de ouvir sem paz o terceiro movimento da Titã e se esvair pelas ondas frias, ondas quentes e bravias. Ah, como são arroubos, como são fugazes, como são improváveis! E quanto menor a probabilidade, mais vorazes. Lá fora, o burburinho das pessoas nem nota, o caminhar apressado não alcança, os olhares perdidos não encontram. O mar, hoje, está cheirando à manga.
terça-feira, 4 de maio de 2010
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