sábado, 24 de julho de 2010

Muitas noites numa noite

"Daí porque na Baixinha
há duas noites metidas uma na outra: a noite
sub-urbana (sem água
encanada) que se dissipa com o Sol.
e a noite sub-humana
da lama
que fica
ao longo do dia
estendida
como graxa
por quilômetros de mangue."

Ferreira Gullar

Reflito quase sempre sobre o que fui e o que sou hoje. Há muitas noites numa noite. você pode medir a quantidade de vidas pela quantidade de noites que há numa noite.
Minha noite mais remota num maio miracemense em 1979 em que, pela primeira vez, virei a noite alumbrado com uma conversa. Era uma moça de longe, nem era bonita, nem era sexo, nem era bebida: era só conversa pura. A moça adorava conversar. E eu também. Quando fomos dar por conta, amanhecia. Foi lindo.
O que foi feito daquelas mulheres? Onde estão as boas mulheres que gostam de varar a noite com boas conversas? Meninos, eu vi!
Hoje as moças conversam muito pouco. São plenas de vazios. Ficaram previsíveis. As noites nem mais são noites completas. Nem entram dentro das noites.
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Essa noite aqui no Alpina em que remoí muitas noites sozinho, já veio outras vezes. Noite de hotel. Reviro de um lado pro outro em pequenas angústias. Para onde foi tudo aquilo que fui?
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Laura,
Cheguei a Niterói e me dei conta da sua ausência. Que falta me faz o seu silêncio!

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