terça-feira, 31 de agosto de 2010

O último Jornal do Brasil


..."E se rindo, eu aposto, dessa bobagem de contar tempo de colar números na veste inconsútil do tempo, o inumerável, o vazio repleto, o infinito onde seres e coisas nascem, renascem, embaralham-se, trocam-se. com intervalos de sono maior, a que, sem precisão científica chamamos de morte."

Drummond, Manuel Bandeira faz novent'anos

"Vejo tudo outra vez com uma nitidez que me cega para o que há aqui...
A mesa posta com mais lugares, com melhores desenhos na louça,com mais copos,
O aparador com muitas coisas — doces, frutas o resto na sombra debaixo do alçado---,
As tias velhas, os primos diferentes, e tudo era por minha causa,
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos"...

Fernando Pessoa, Aniversário

Nos meus 49, acordei com um beijo de Laura, o dia ficou mais leve e foi mais fácil seguir adiante.
Nos meus 49, trabalhei o dia inteiro, inclusive na hora do almoço, isso deve representar alguns pontos no quesito vigor físico. Na verdade, fiz um grande esforço para que fosse apenas um dia como outro qualquer. E foi.
Também fiquei feliz pela maneira com que meus amigos (daqui) me acolheram e comemoraram a data comigo. Sábado eu comemoro com os de lá. De todo jeito, ter pessoas tão afetuosas como Renatinha, Sandra, Lugarinho e Ronaldo é muito gratificante. Deve contar pontos no quesito afeto recíproco.
Nos meus 49, saiu a última edição do Jornal do Brasil, que me acompanhou por boa parte desses 49. Constato que não deixei de gostar do papel, do cd, do livro e não vai ser fácil acostumar com edições on line depois de 49.
Nos meus 49, comecei a ler Cordilheira, Daniel Galera. O começo promete. Daniel entra num terreno perigoso: o narrador é uma mulher. Não é nenhuma novidade, mas não deioxa de ser um risco.
Nos meus 49, ganhei um ponto no quesito memória, ao lembrar de Drummond, Pessoa e Bandeira e desses trechos que me acompanham há quase 49.
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4.9 - Se fosse motor de caminhonete nova, ainda rodava bem. Mas é só a cascata degenerativa dos anos. Já deu pra entender o seguinte: não dá pra ficar muchochando muito. Tem que pegar a reta e ir em frente. Sem grandes espectativas. As melhores espectativas já foram e não vale a pena rebobiná-las.

2 comentários:

Unknown disse...

Amei esse post.

bj

kellen disse...

Parabéns, Francisco!

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