terça-feira, 20 de setembro de 2011

Lamento, não sei.


Não entendo. Isso é tão vasto que ultrapassa qualquer entender. Entender é sempre limitado. Mas não entender pode não ter fronteiras. Sinto que sou muito mais completa quando não entendo. Não entender, do modo como falo, é um dom. Não entender, mas não como um simples de espírito. O bom é ser inteligente e não entender. É uma benção estranha, como ter loucura sem ser doida. É um desinteresse manso, é uma doçura de burrice. Só que de vez em quando vem a inquietação: quero entender um pouco. Não demais: mas pelo menos entender que não entendo.

Clarice Lispector

Ainda hoje com Renatinha e semana passada na viagem com Marila, vinha conversando sobre esses assuntos. Da arte difícil de dizer não sei. De quanto tempo levei para saber que a ignorância também pode ser um dom do espírito. - Simplesmente não sei. Posso dar uma googlada e te dizer daqui a pouco, mas eu costumo quase sempre não ficar satisfeito com os googles, os bings e as wikipedias. Se meu vasto conhecimento nesse assunto for uma frase tirada do google, prefiro mesmo dizer que não sei.
Eu era um menino que achava que sabia. Um adulto que dominava o Mundo. Agora que fiquei velho, tenho exercido a cada dia o ofício prazeiroso do aprendizado.
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Cresce a cada nota que escuto, os sambas que Amélia Rabelo gravou em seu novo disco, A delicadeza que vem desses sons. Na primeira ouvida, gostei de Velhos chorões (Cristóvão Bastos e PC Pinheiro) e Tempo perdido (Ataulfo Alves obscuro). Na segunda, gostei da metade. Na terceira, gostei de tudo. Está na lista para o IV Prêmio Desconversa de disco do ano, junto com Chico, Wisnik e Geraldo Maia.

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