sábado, 3 de dezembro de 2011

Para ler 600 vezes (e depois reler outras tantas)


Alguns gostam de poesia

Alguns -
ou seja nem todos.
Nem mesmo a maioria de todos, mas a minoria.
Sem contar a escola onde é obrigatório
e os próprios poetas
seriam talvez uns dois em mil.

Gostam -
mas também se gosta de canja de galinha,
gosta-se de galanteios e da cor azul,
gosta-se de um xale velho,
gosta-se de fazer o que se tem vontade,
gosta-se de afagar um cão.

De poesia -
mas o que é isso, poesia.
Muita resposta vaga
já foi dada a essa pergunta.
Pois eu não sei e não sei e me agarro a isso
como uma tábua de salvação.

Wislawa Szymborska

Nesses tempos ruins, em que se impõe uma música barulhenta e sem graça nas festas, nas rádios FM (afora as que tocam baladões mela cueca dos anos 80), em que não há mais recitais de poesia decentes, em que não há esperança de dias melhores para a palavra, a leitura dos poemas da polonesa Wislawa Szymborska (pronuncia-se Vissuáva Chembórska) na ponte aérea, me causou a mesma comoção de quando li O metro nenhum de Francisco Alvim.
Deveria ser obrigatório nas rádios (sugiro um batidão alternado com uma poesia), nas televisões, nas escolas, onde fosse possível mostrar que a poesia vive, urge, e pode salvar almas vazias.

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