quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Quero ser Antonio Maria

"Agora, nova e necessária estatística se impõe.O disco é material frágil, fácil de quebrar. Para transportá-los, da cidade até a nossa residência, serão necessários, no mínimo, dois grandes caminhões com carregadores adamados. Colocados em álbuns, serão necessárias 1.333 unidades ao preço de 605 cruzeiros, ou seja, Cr$ 86.645,00. Três grandes salões serão transformados em discotecas. Ora, como possuímos apenas duas pequenas salas em nossos apartamentos, teremos de alugar um outro, pelo menos igual ao do Sr Walter Quadros, isto é, pagar um aluguel de Cr$ 40.000,00 mensais. Para que possamos ouvir todos esses discos, serão necessários 48 mil minutos, com a média de 3 minutos por face de disco, multiplicados por dois, ou 96 mil minutos, ou 1.600 horas, ou 66 dias integrais, sem dormir, sem trabalhar, sem comer, o que seria a morte."

Lúcio Rangel, 16.000 discos, apenas, janeiro de 1954

O bom desse início de ano é que as obrigações de trabalho não ficam se atropelando, e com calma, dá tempo até pra escrever. É a única coisa que presta nesse janeiro cheio de Is e sensação térmica de 50º. 
Na ponte aérea, leio Os Globos atrasados da última semana.
Artur Xexéo fez uma bela crônica sobre a biografia de Wilson Batista recém lançada. Não deixa de ser louvável, mas depois que o cronista passou a ser mais roteirista e autor de teatro do que cronista, dá pra desconfiar que pode ser mera propaganda de um dos seus próximos musicais. 
Joaquim Ferreira dos Santos voltou às segundas no Globo.O cronista parece procurar se aproximar dos textos do Maria e do Braga, mas ainda não consigo ler uma crônica inteira sem ficar levemente enjoado.
Passo batido também por Daniel Galera, Francisco Bosco, Caetano Veloso, Tony Belloto ... bem, vai ver que sou eu que estou sem paciência para ler.
Sobrou-me, ao final, o indefectível amendoim da Gol. Não consigo dispensar esse raio de amendoim.
Eu não ia comentar, mas depois de tantos desapontamentos aéreos, a Gol fez uma coisa próxima do ótimo: aumentou o espaço entre os bancos na ponte aérea. Tomara que dure bastante.
E, sim, estou lendo e me deleitando bastante com Samba Jazz e outras notas, seleção das crônicas de Lúcio Rangel feita por Sérgio Augusto.Dessas, não dá pra perder uma nota.

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