terça-feira, 28 de abril de 2015

De volta ao 1009


Acordo.

Hoje eu gostaria de um motivo menor para não ir a São Paulo.  Um atraso de voo, uma chuva torrente, um descuido na aeronave.
As filas no Santos Dumont denunciam o feriado de amanhã. Meu pensamento e minha vontade já estão na estrada e não no aeroporto.Não encontro a morena no guichê. Essa que me atende me propõe o 1007 num assento ruim. Recuso e me arrependo, mas recuso novamente. A recusa não é tanto pelo conforto, o que pesa mais é a esperança de permanecer no Rio.
Aguardo. O vazio me preenche. Meu instinto apressado faz com que eu me desloque para a fila do 1007. É tarde. Triste nem sei porque.
Embarco. Um sujeito com o assento na 11 marcado acaba de descobrir que não tem assento 11 nesse avião. Sorte dele.
Ouço Zambujo e Katia Guerreiro. Alguma coisa se perdeu nesse meio tempo, mas quando Zambujo faz o último desejo, trato logo de melhorar. Daqui a dois dias, Zambujo dará entrevista de lançamento do disco no Globo falando exatamente nesta proximidade do fado e do choro que agora penso. Sempre associei o bandolim de Jacob à guitarra portuguesa.
O melhor lugar para se pingar um colírio é o assento de um avião. O pescoço fica perfeitamente equilibrado e a gota não se perde. Descobri por cálculos matemáticos de alta precisão que cada gota do meu colírio custa trinta centavos. No avião não perco dinheiro.
Abro meu kindle. Fui muito otimista semana passada quando previ uma leitura rápida de Roth. Hoje leio exclusivamente no avião e tenho que dividir o kindle com o segundo caderno e a veja, além do jornal do dia. Sobram menos de 20 minutos para Roth. E o Complexo de Portnoy agora está numa parte meio chata.
O avião não pousa por conta do mau tempo em São Paulo. Há esperança.

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