segunda-feira, 2 de setembro de 2019

Você não faz a menor ideia


Adoro coxinha de galinha. Eu era menino, recebia a semanada do meu pai no domingo e a programação era matinê no Cine XV, seguida de coxinha com coca-cola no Bar Pracinha. Eu era feliz com meus poucos trocados e suas possibilidades concretas.
Meus poucos trocados que meu pai me dava todo domingo depois da missa iam embora na noite de domingo mesmo. Já era consumista na época. Só mais tarde com a descoberta dos discos é que passei a ser mais econômico. Guardava pra comprar discos na Sete de Setembro. Mas não abria mão das coxinhas. 
O Bar Pracinha vai ficar sempre na minha memória, assim como o quibe do Seu Abdo e o misto quente do Zé Careca, todos próximos da minha gula, mas consumidos em momentos diferentes.
O Bar do Seu Abdo era para se ir em família, o misto era mais para feriados, a rotina mesmo eram as coxinhas.
Mais tarde, com o fechamento do Bar Pracinha, passei a comê-las no Kiskina Chopp. Era uma coxinha crocante, que valia a pena aguardar sair quentinha para comer.
Em Niterói, comia no City Niterói em frente às barcas, que tinha uma coxinha creme deliciosa, cujo recheio era preparado na própria coxa. Ela também podia ser consumida na Casa Cavé e ainda pode ser encontrada na Confeitaria Colombo.
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Toda vez que passo em frente ao City e vejo uma drogaria, dá uma dor e uma saudade danada. Já foi o tempo das coxinhas.
Fecharam o Cine XV, o Kiskina Chopp, o Bar Pracinha, o City Niterói, a Casa Cavé. Fechou a água hidrovita que tinha do lado do City, que curava ressacas homéricas. A maioria virou farmácia.  E eu acabei órfão das boas coxinhas, embora continue gostando delas. Tenho preferido as miudinhas porque as grandes estão sempre massudas e com recheio seco.
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Que bom poder escrever bobagens depois de ter passado por um longo período de insônia entre duas viagens de noite inteira e a Basiléia no meio. Não há nada pior para o insone do que tomar remédios ... e não dormir.

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