segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

Carnaval em Guarapari

A Enseada Azul fica entre Meaípe e Guarapari. Há 15 anos passo o carnaval lá com as meninas. Passaram pela Enseada Azul, meus três casamentos, minha crença no divino, alguns cabelos e meus últimos sambas no pé.
Vive-se de uma preguiça retumbante na Enseada Azul. Telefone tem sinal ruim, internet não pega, não há canais fechados de televisão. Há 15 anos não tinha prédio. Hoje quase só tem a nossa casa, o resto é prédio (até o fechamento dessa edição, o dono jurava que ia derrubar a casa ano que vem).
São duas casas de oito suites relativamente confortáveis em frente à Praia, onde se instalam invariavelmente, sete familias barulhentas. Com o passar do tempo, foi aumentando o número de crianças e a algazarra ficou maior ainda. Agora são elas que mandam no carnaval.

O gosto musical é pouquíssimo apurado e acabo sendo obrigado a ouvir as novas duplas sertanejas da última parada, mas sempre acho que as canções são as mesmas do ano passado. E um bate estaca chamado créu ninguém merece essa coisa.

De noitinha, a hora sagrada é a do Big Brother, todos em volta da televisão na sala como se fossem assistir a missa. Era uma hora relativamente tranquila pra mim, principalmente quando tinha parceiro para as cartas.

Também levei comigo Roberto Bolano e seus detetives selvagens, indispensável para qualquer biblioteca que se preze.

Come-se e bebe-se muito na Enseada Azul, comida pesada e farta, não há limites para gorduras em geral.

Nesse ano, a chuva veio só de noite, deixando os dias livres para a praia e os picolés girassol e as empadas Colatina..

A Enseada Azul tem sido um exercício de amizade e consistência ao longo dos anos, onde ninguém fala muito do cotidiano, pouco se conhece da rotina de cada um, mas há uma comprensão mútua, uma sensação de bem estar por estar ali entre amigos, pouco importando se o Mundo está se rachando, se a Beija Flor ganhou de novo ou mesmo se hoje é carnaval.
Ano que vem eu volto.

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