terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Era um bom homem

Lembro bem da casa do meu avô, onde passei os primeiros anos da minha vida. É dali a mais remota lembrança de meu tio, que acaba de morrer. Era uma pessoa que ironizava a própria tristeza, dando sempre uma nota cômica, fosse o mais sério dos assuntos. Lembro que desenhava cavalos, que gostava dos Beatles, que fazia bolas da fumaça do cigarro. O meu hit na casa do meu avô era Não quero dinheiro, só quero amar.
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Muito tempo depois, lembro dele no Banco onde trabalhou quase a vida toda, sempre a me prometer uma camisa. A mim e a todos que conhecia. Certamente, o BANERJ teria um prejuízo imenso se tivesse que cumprir todas as suas promessas de camisa. E das jaboticabas da casa dele, imensas de doce para minha infindável gula. Depois, lembro dele já doente trabalhando na Chevrolet. Chegava cedo, coava o café e ficava ali chaleirando. Foi dele que comprei meus últimos carros, inclusive a S10.
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Mas de tudo nele o que mais ficou em mim, foi a pessoa generosa, de coração sempre aberto, disposta a ouvir, humilde e ao mesmo tempo, encantadora. Avaliava qualquer coisa como se fosse a melhor do Mundo. Dizia sempre você nunca provou desse ou você jamais vai andar num igual àquele, etc etc, como se fosse um phd no assunto em pauta. E quase sempre convencia. Tinha um orgulho imenso dos filhos e da mulher. Ajudava sem que lhe pedissem, estava sempre pronto.
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Tão ralo prazer lhe dei! Umas poucas visitas, uma vaga esperança. A vida vai nos arrastando cada vez mais para nossas responsabilidades e quando olhamos para trás, ficamos em dívida com uma conversa pequena, uma mão amiga, um sorriso que seja, e quando vamos ver, já é tarde demais.

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