quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Crônica de todo dia

Costumo acordar normalmente entre 6:30 e 7h, sem grandes atropelos, sem despertador, lentamente, o que me permite chegar todo dia na empresa entre 8 e 8:30.
Depois das sete, a Cantareira se lota de trabalhadores, executivos e estudantes niteroienses que trabalham ou estudam no centro do Rio. Pode se sentir o perfume clautrofóbico misturado das senhoras bem arrumadas, que se misturam à boiada de gente que vai para a labuta. Espero pelo menos uma barca nesse tenso amontoado de gente. Quase sempre vou em pé, folheando um jornal ou um livro. Aí eu pego a Primeiro de março, entro pela Rosário, passo no Cláudio pra ver se tem alguma coisa nova e conversar com Raimundinho e Márcia (quase sempre tomo um café curto), e chego à Rio Branco, caminhando até a empresa.
Mas de vez em quando, meu relógio biológico acorda mais cedo e, como nada tenho para fazer em casa e muito pra fazer aqui, vou cedo pro trabalho. Como hoje.
O cenário é outro. Ainda é noite, pode se ver as luzes acesas do Rio de Janeiro, a Barca está com sua lotação normal e vou sentado. A Lua está começando a minguar (quase plena) e a Baía parece uma água mansa de rio. Minhas companhias são meu Ipod, que aleatoriamente vai tocando Radiohead, Omara, Duo Assad, Piazzolla, etc e o livro de Kurt Vonnegut, Matadouro 5. Viajo com Billy Pilgrim, personagem central do livro. Quem já leu, sabe que é a história de um homem médio, que vivenciou o bombardeio de Dresden na Alemanha da segunda guerra e que testemunhou a morte de mais de 135 mil pessoas.
Enquanto a Cantareira segue seu rumo, vou enchendo minha vida vazia de trabalho, música, leitura, caminho. Minhas melhores espectativas estão longe daqui, acordando para ir ao Colégio, começando sua vida, os corações leves e as mochilas pesadas. Queria ser uma folha do caderno de cada um deles, para observar e aprender tudo que perdi de leveza, tudo que desaprendi de humanidade, tudo que deixei num final de tarde qualquer em Miracema.

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