quinta-feira, 7 de maio de 2009

Perdas e ganhos

Poderia começar esse texto falando de Amélia, do teatro do oprimido ou da área de mercado da minha empresa, mas seria chover no molhado. Ataulfo, Boal e Bordalo merecem coisa menos óbvia.

No centenário de Ataulfo Alves, andei reouvindo suas canções. No meu repertório violístico de 8 números de muitos anos, Ataulfo está presente, com Laranja Madura e Pois é, juntadas pelo MBP4 no histórico "Antologia do Samba Canção". Esse disco teve uma continuação que está esquecida no acervo da Universal. No meio de tanta porcaria sendo relançada, é bom pensar em boa música, que também deve vender alguma coisa. Minha seleção Ataulfo começa com Bom Criolo, na interpretação voz e percussão da Banda Isca de Polícia, passa por Batuca no chão (com Martinho da Vila), Seu Oscar, com o próprio Ataulfo, Atire a primeira pedra com Orlando Silva e por aí vai. Um dia desconverso ela inteira. O fato é que Ataulfo foi um compositor de raro talento, no nivel de Nelson ou Noel e elegante como Paulinho da Viola.

De Augusto Boal, que nos deixou há pouco, minha melhor lembrança é da FLIP de 2007. Boal respondeu a um texto de Nelson Rodrigues da época da ditadura militar e tranformou aquela mesa no melhor momento da FLIP. Um trecho que nunca esqueci: Só posso jurar dizer a minha verdade, que nunca é a de todos, pois que é só minha. Toda a verdade? Óbvio que não: não sou onisciente como Deus, com quem não posso, infelizmente, rivalizar. Nada, além da verdade? Jamais: não posso renunciar à minha imaginação.

E de Eduardo Bordalo, nosso diretor de mercado que acaba de deixar a empresa, poderia enaltecer o que ele representou para todos nós para o crescimento da empresa, mas prefiro falar do amigo. Bordalo tinha uma maneira sincera de cativar as pessoas. Muitas vezes, o silêncio era sua maneira de ser sutil. Pouco falava, mas do que dizia, sempre tirávamos algum proveito. E tinha uma qualidade imprescindível para os grandes líderes: sabia reconhecer as pessoas. É certo que vai fazer muita falta.

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