sexta-feira, 1 de maio de 2009

Envelheci, mas continuo em exposição


"Também os meus alter-egos são todos
borra, ciscos, pobres-diabos
que poderiam morar nos fundos de uma
cozinha - tipo Bola Sete , Mário Pega Sapo, Maria
Pelego Preto etc.
Todos bêbados ou bocós.
E todos condizentes com andrajos.
Um dia alguém me sugeriu que adotasse
um alter-ego respeitável – tipo um príncipe,
um almirante, um senador.
Eu perguntei:
Mas quem ficará com os meus abismos se
os pobres-diabos não ficarem?"

Manoel de Barros

"Bebi demais. Bom, foda-se. Amanhã é outro dia"

Aldir Blanc

O bom da exposição agropecuária de Miracema é que você percebe que não foi só você que envelheceu. Migram para a cidade nesse período, velhos conhecidos de outrora. A maioria inchou como eu, constituiu familia(s), mudou pouco, estão todos invariavelmente na Barraca do Bode, onde reina o Sebastião Bunda de Fora e seus bifes. É o point daqui nessa época.
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São duas e um bocado e estou chegando em casa escoltado por Chicó e Luisa. São ótimas companhias para essa madrugada miracemense. Não fosse eles, ia ser mais difícil encontrar minha cama.
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Fiquei uma tempo a esmo na Barraca Do Bode, as crianças no parque, os amigos ainda ausentes. Entre uma latinha de skol e outra, observava a fauna miracemense. Vi gente que não via desde menino, já deletadas da memória
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Bom ver que algumas moças conservaram o viço brejeiro e se mantiveram bonitas, apesar do tempo. Parecem ter sido curtidas em formol, como Renatinha. De vez em quando me olham, observam, e quase sempre se abrem num sorriso ajeitado.
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Se Luisa e Chicó não me tiram dali, eu ficaria flanando até de manhãzinha, como nos velhos velhos tempos.
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