quarta-feira, 22 de julho de 2009

A canção do lobisomem


Lawrence Block merece mais do que cada minuto de leitura de seus livros policiais na barca das sete. Merece um comentário e uma reflexão aguda, pela maneira com que manipula cada personagem. É um autor singular. Nesse "O ladrão que estudava Espinosa" , em que o personagem central é um livreiro e ladrão, ele entra no universo de Bernard (o livreiro), Carolyn (a amiga) e Abel (o interceptador), provocando uma mistura de sentimentos muito interessante de cada um em nós. Da mesma maneira que Mathews Scudder, o detetive sebento de vários outros livros dele, provoca.
Scudder tem qualquer coisa do Renzo Marques de Epitáfios e do Detetive Guedes de Bufo e Spallanzani. Qualquer coisa de empoeirado e sombrio.
Sombrio como esse disco da mineira Maisa Moura, uma grata surpresa. Maisa ousa gravar O pidido (Elomar Figueira de Melo) muito bem arranjado e noturno. E ousa mais, ela grava A canção do Lobisomem, do Guinga e do Aldir. Essas ousadias só são possíveis às grandes intérpretes.
A canção do lobisomem é do segundo disco do Guinga, até ontem só conhecia com ele. Quando "estudava" violão nos anos 90, pedi ao Moreira que tirasse a música. É intocável para um sujeito pouco talentoso como eu, apesar do esforço do Moreira. Sou apaixonado pela canção. Ela dá uma caída em "nem a cobra coral, nem mesmo a naja", lá pelo meio da letra, que me faz chorar lá no íntimo cada vez que ouço. Aldir e Guinga conseguem ser milagreiros quando compoem.
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Aldir voltou a compor com João Bosco, que acaba de lançar Não vou pro céu, mas já não vivo no chão. Estou ouvindo aos poucos, de acordo com a boa vontade do meu shuffle, mas hoje de manhã ele já mandou dois clássicos de uma vez só.
Vinha chegando no Rio, já pegava a reta da Praça XV, mas deixei os outros saltarem primeiro (continuo treinando para ser o último a sair do avião, como ensinou Gilberto Gil), e de repente me veio essa Navalha. Quando deixei a Praça XV e entrei pela primeiro de março terminou a Navalha e entrou Mentiras de verdade, uma canção cheia de referências a Tito Madi.
Além de Aldir, João Bosco compôs com o filho Francisco, com Nei Lopes e com Carlos Rennó para o disco novo, mas essas duas possuem a cara e o focinho do Aldir Blanc.

"Essa angústia hoje é boa companheira
Da conversa entre o Príncipe e a caveira
Deduzi que a esperança
É uma besteira corroendo o amor
- Deus o tenha!

Entre amar e matar não sobra espaço:
Quantas lâminas rente ao meu abraço
E cristais de arsênico em meu beijo
Vão matar o que mais quero
Quando não espero é que Deus dá"

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