quinta-feira, 9 de julho de 2009

Dona Leila

Resolvi fazer um protesto amigável contra a ausência da Dona Leila aqui no andar por 30 dias. Um dia desses, Dona Leila deu-me um cartão vermelho e uma bala azeda por estar usando copo descartável para tomar café e não a caneca distribuida pela empresa. Daquele tempo a essa parte, só usei a caneca. Agora que levaram Dona Leila pra outro andar, vou virar anarquista de novo. Até que ela volte para aplicar um novo cartão vermelho. Dona Leila é a copeira do décimo primeiro aqui da empresa. Parece a bondade em pessoa. Dona Leila parece ter olhos tristes de quem já sofreu e concluiu que a vida vale a pena. Tem sempre um sorriso doce, uma pergunta simpática ou uma oferta de biscoito na manga. Mesmo depois que eu proibi os indefectíveis cookies nas reuniões das Câmaras Técnicas. Cheguei de férias e Dona Leila já não estava aqui. Desde muito não a vejo. Está fazendo falta na minha chegada. Falta água na moringa, falta alguém pra perguntar se está faltando alguma coisa.
São esses ritos de paz que nos fazem melhorar a cara azeda que temos. Dona Leila tem um pouco da Edéia, da Dona Leda, da Diô, das pessoas que parecem ter nascido para servir. Das que nunca vemos de mau humor. Das que estão sempre prontas. Das que aguentam nosso carão com um afago de compreensão qualquer. Das que me fazem lembrar a) do arroz doce da minha vó; b) do macarrão do Geraldo Paturi; c) do frango com quiabo da Sá Esmera; d) de Guimarães e Pessoa; e) do açude do Assis e de todas as coisas ternas que passaram por mim e ainda passam.
Entre uma incompreensão e outra, entre um calhamaço de processos de dúvida, entre o aparecimento de uma nova gripe e a podridão do senado, entre a minha sala e a Sala Cláudia Reis, reina a mini-copa da Dona Leila. Espero que volte logo!

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