Aprendi a gostar do fado ouvindo Amália Rodrigues. Primeiro meu avô, que gostava também do fadista Francisco José, depois numa coletânea que achei num sebo em Porto Alegre, depois o disco do Canecão, depois o disco do Olimpia, depois com Vinicius, todos uma dilaceração só. Amália foi (é) uma navalha cantando. A guitarra portuguesa parece talhada para ela. Cortes agudos no Fado dos Ciúmes, no Barco Negro, no Fado Corrido. Mesmo no fado corrido, Amália corta. Nesse final de domingo, Amália canta pra mim. Eu sofro. Dói-me a dor dos mais profundos compassos dolorosos. Não sei como cheguei aqui. Estava arrumando a biblioteca depois de desistir do jogo no meio do segundo tempo, e bateu Amália. Não pude recusar a oferta. E agora só quero ouvir e chorar um pouco. No meu morrer, Amália reza por mim.
domingo, 2 de agosto de 2009
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