domingo, 6 de setembro de 2009

O quarto em desordem


"Na curva perigosa dos cinqüenta
derrapei neste amor. Que dor! que pétala
sensível e secreta me atormenta
e me provoca à síntese da flor

que não sabe como é feita: amor
na quinta-essência da palavra, e mudo
de natural silêncio já não cabe
em tanto gesto de colher e amar

a nuvem que de ambígua se dilui
nesse objeto mais vago do que nuvem
e mais indefeso, corpo! Corpo, corpo, corpo

verdade tão final, sede tão vária
a esse cavalo solto pela cama
a passear o peito de quem ama."

Cheguei em Niterói, liguei o computador, quase não exatamente nessa ordem como se fosse possível, e dei boa noite ao Mundo! Antes do banho, fiquei atualizando o e-mail e o Itunes aleatório acabou mandando esse poema do Drummond, na voz de Lima Duarte e violão de Roberto Correia, de um disco de vinil, recuperado por um site especializado em recuperar velhos discos que a indústria nem pensa em relançar. Aproximando-me da curva perigosa a que Drummond se refere, achei interessante alocar esse poema aí apenas como uma provocação a mim mesmo. Nos últimos tempos, tornei-me um mestre em não ter espectativas e apenas suportar o dia a dia.


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