sexta-feira, 23 de outubro de 2009

A dignidade do suicídio

"Era uma vez uma cidade grande, onde instaurou-se a dignidade do suicídio. Clínicas especializadas distribuíam cápsulas transparentes que os candidatos tomavam para, depois de embalados, atingirem o passamento sonhado. As cápsulas chamavam-se "obliviantes" e nelas desapareciam os obliviados, a quem todos se referiam com reverência. Mas era preciso merecer a morte obliviosa, pois nem todos tinham o direito de morrer." (Ana Hatherly)

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Minha tia esteve na minha casa quinta-feira e estendeu o lençol da cama. Cheguei em casa e fui o menino de novo. A cama arrumada pela minha tia vem com um adicional de conforto e muitos anos de dedicação e apreço. É, por assim dizer, uma cama mais fofa do que a que eu mesmo arrumo, atropeladamente. Minha tia vem estendendo o lençol para a família há muitos anos. Tem sempre algo pra dar. Carinho, afeto, esperança, geladeira, ventilador de teto, cortina. Anda doente, mesmo assim nunca desiste.
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Meu Ipod está brigado comigo. Acho que fiz uma seleção inadequada. Jane Duboc e Vitor Biglione fazem uma Ella Fitzgerald apenas correta, Maciel Melo esqueceu o ótimo compositor e poeta das janelas e das retinas pra fazer discos mediocres, ainda não consegui gostar do ieieiê do Arnaldo Antunes e não entendo esse incenso todo para o Cidadão Instigado. Gosto quando ele me manda as milongas de Daniel Melingo ou Fred Hersh tocando Tom Jobim, mas isso tem vindo muito pouco.

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