quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

15 anos

"Quando eu fiz 15 anos, ganhei um relógio de pulso e cem mil réis. Vi que era hora de fazer uma besteira e entrei num botequim."
Antônio Maria



Quando eu fiz 15 anos, costumava chorar a cântaros quando meus pais vinham para Niterói. Na época ainda não tinha descoberto a Rua Sete de Setembro (a rua do disco) e detestava praia. Era sempre o último a chegar e o primeiro a sair, o que me dava a condição única de ser o primeiro a tomar banho. A praia só me servia pelos picolés. empadinhas e outras guloseimas.
Pois bem, passar o fim de semana longe de Miracema era um suplício. Como ficariam os amigos, a namorada, o cine XV, a boate, o hi-fis que fazíamos em casa, sem que eu estivesse por lá para vigiar e participar de tudo??? O que seriam das caminhadas noturnas pela Rua Direita, da coxinha do Bar Pracinha e das primeiras noitadas de violão? ??
A espectativa de perder tudo isso, fosse por um único fim de semana, me aterrorizava. Eu suplicava à minha mãe que me deixasse ficar, mas eram súplicas inúteis.
Lembrei dos meus 15 porque Luisa está para fazer os seus 15 e passa a semana aqui conosco. Tem o mesmo pavor que eu de estar longe do seu habitat. Assumiu diversos compromissos inadiáveis com o conjunto, tem agenda lotada para os amigos e é assim mesmo que tem que ser. É bem parecido com o que eu era.
Amanhã está indo com a mãe pra Arraial do Cabo. Mas como eu, também detesta praia.
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Com o tempo, você acaba se acostumando com tudo. Ou se conformando com tudo. Hoje até gosto de ir à Praia. Nem sei quando desaprendi a não gostar. E o muito pouco que restou daquele sabor inconfundível de juventude não passa de uma velha lembrança.

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