terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Paixão e telefone

Detesto telefone. Minha mãe, por favor, aprenda isso, detesto telefone!!!
Pra matar a saudade, não serve, são só palavras do outro lado da linha. Pra trabalhar, só serve pra empresa. Funciona como a coleira do cão.
Da minha infância e adolescência, lembro de algumas vezes ter ouvido meu pai esbravejar por causa da conta de telefone. Significa que nem sempre detestei telefone.
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A primeira grande paixão da minha vida aconteceu por volta do início dos anos 80 e da escola médica. Tive umas quatro ou cinco grandes paixões nesses 48. Todas intensas, desmesuradas, irracionais, platônicas. Todas começavam comigo. A primeira não foi diferente. Apaixonei-me pela menina de voz mansa, olhos claros, sotaque estranho e diferente de tudo que eu já tinha visto. Ela nem me notou.
O cenário era o seguinte: final do primeiro ano de medicina no Catete, um calor bem mais ameno do que esse, idas intermináveis à Miracema e conversas intermináveis ao telefone. Meu pai era sócio da Usina Santa Rosa. Eu ia à Usina pegar cachaça e ....telefonar! Ficava horas falando com Rio, Brasília. Onde quer que fôssemos (eu e ela), lá estava eu telefonando. O amor dilacerava torrente ao telefone.
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Ontem ficamos eu e Laura zumbizando até meia noite a procurar o estudo semiótioco das canções, do Tatit, que Lau quer ler. Está escondido em alguma caixa, estante, armário ou qualquer buraco da casa que possa suportar um livro. Fuçamos tudo, mas não achamos.
Quando deu meia noite, Laura tira da cartola um - Pai, vou dar um telefonema muito importante, preciso ficar só! A essa hora??? Cruz credo!!!!

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