domingo, 21 de fevereiro de 2010

Trilha sonora 2


Luisa menininha (da idade do Babu na foto, um pouco mais talvez) adorava cantarolar canções de Sinhô, Noel, Caymmi, as músicas que eu ouvia (e ainda ouço) no carro e ela decorava rápido e me surpreendia de repente, sem a menor cerimônia. Eu ficava encantado com aquilo.
Anos se passaram e Luisa hoje só ouve rock, metal, progressivo e nem se lembra mais dos maxixes que cantarolava.
De forma que preparei 4 seleções pessoais para a viagem, , duas dos Beatles (pra Laura, que anda ouvindo muito o quarteto) e duas de rock (pra Luisa). Funcionou médio. Luisa não costuma abrir mão do seu Ipod por nada, e Laura dessa vez preferiu ouvir Luiz Tatit, Itamar e Adriana Calcanhoto.
Aproveitei pra mostar pra S., uma seleção de poetas brasileiros e ouvir algumas canções semi-inéditas. As que mais voltaram foram:

La comparsa, com Anat Cohen and The Anzic Orchestra, do disco Noir - a música de Lecuona, que parece ter sido escrita para o piano de Bebo Valdez, ganha contornos novos e exuberantes para a orquestra e o trompete de Anat. Noir é um disco pra ir se descobrindo aos poucos. La comparsa voltou muitas vezes em Cumuru.

Barracão é seu, com Geraldo Maia, do disco Samba do mar quebrado - clássico do repertório de Clementina ou samba bissexto de Luiz Gonzaga e Dario Souza, no disco de Geraldo, ganhou o nome de Tenho onde morar. É possível que tenham existido duas músicas com o mesmo refrão, pouco importa, a interpretação de Geraldo é sentida e gostosa como a de Clementina.

Feijão com couve, com Geraldo Maia e Silvério Pessoa, também do Samba do mar quebrado - outra bissexta parceria de Luiz Gonzaga e J. Portela, com arranjo de sanfona, violino e piano quase que recompondo o Trio Surdina.

Cartas de metrô, com Pedro Miranda - belíssimo samba de Moisés Marques do disco Pimenteira. Uma música dolente, que mostra que há bons compositores contemporâneos de samba. Moisés, Duani, Rômulo Fróes, é bom saber que existem.

A mesa, com Paulo César Pereio - o poema de Drummond ganha uma interpretação perfeita do Pereio. Eu ouvi umas 3 vezes, mesmo sabendo que ninguém aguenta prestar atenção nos 12 minutos de récita, mas aí é a minha vez de ouvir e talvez chorar um pouco.

Rosinha dos limões, com Kátia Guerreiro - eu gosto demais desse fado, que conheci (!!!) num disco do Martinho há muitos anos. Kátia conseguiu torná-lo mais moderno e suave, sem ferir suas notas.

Adoro viajar com minhas filhas. Só me sinto cansado depois que desligo o carro. Até lá, vou me embalando com nossas canções. conversas e o sono tranquilo delas. S. também se comportou muito bem como ouvinte. Foram 24 horas de bons fluidos.

Nenhum comentário:

Triste cuíca

Aceitar o castigo imerecido Não por faqueza, mas por altivez No tormento mais fundo, o teu gemido Trocar um grito de ódio a quem o fez As de...