domingo, 8 de maio de 2011

O canto sublime de Mônica Salmaso


Põe os pés no chão e toca o ar, trampolim

Bate no tambor de onde vens
Só de ser quem és inventa o amor
Só de ser quem és inventa o amor
Sem dizer palavra

Pobre coração mergulhador, ai de mim
Beira de que mar eu ancorei
Se for pedir perdão, já perdoei
Se for pedir perdão, já perdoei
Pode se alegrar.

Zé Miguel Wisnick e Ronaldo Bastos



Mônica Salmaso está lançando Alma Lírica Brasileira. Merece o título. Dessa vez não veio acompanhada do Forças d'alma ou do Pau Brasil. Optou por um arranjo econômico de piano (Nelson Ayres) e sopro (Teco Cardozo). É certo que se sente falta de um Ferragutti aqui, um Stroeter acolá, mas temos que nos acostumar com essa tendência na música brasileira.
Gosto de Mônica desde Trampolim, o primeiro que conheci (o disco que fez com Belinatti cantando Baden veio depois pra mim). Trampolim deve ser a primeira canção de Wisnick que passou lá em casa. É uma bela canção que deveria tocar na novela, aparecer no programa da Rádio MPB, enfim, ser mostrada, mas ninguém conhece. Deixo a letra aí em cima. Pelo menos do Desconversa ela vai acontecer.
A primeira vez que vi Mônica ao vivo foi num projeto no CCBB cantando Adoniran. No bis, eu gritava já meio bêbado: Trampolim!!! Ela possivelmente não entendeu nada.
Dessa vez Wisnick aparece musicando Gregório de Matos. É um velho sonho meu. Se tivesse nascido com cacoete para compositor, iria tratar de musicar os poemas do Gregório. Ao musicar Gregório, Wisnick paga um pedaço da pena de ter ignorado a letra do Catulo pro Bambino do Nazareth e feito outra letra.
Promessa de violeiro, de Raul Torres, é um dos momentos mais tocantes do disco. Dá pra imaginar a sanfona de Toninho ponteando a canção, mas ainda assim fica bonita. O piano de Nelson sabe se multiplicar. Inclusive quando compõe as ótimas Noite e Veranico de Maio.
E a sensação de que estamos ouvindo um disco perfeito continua na Melodia Sentimental, no Meu rádio e meu mulato, em Lábios que beijei.
Esse fim de semana foi de alguns abismos. Mas teve também o novo da Mônica. Costuma me resgatar de qualquer período de árvore.

Um comentário:

Adauto Suannes disse...

É, desde já, o melhor disco do ano. Nenhuma das músicas, nenhum dos arranjos merece qualquer censura da parte de quem ama nossa música popular. Uma lição para os mais novos.

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