sábado, 29 de outubro de 2011

As lições de Silviano Santiago


Sonha o rico em sua riqueza,

que mais zelos lhe oferece;

sonha o pobre que padece

sua miséria e sua pobreza;

sonha o que inicia a destreza;

sonha o que afana e pretende;

sonha o que agrava e ofende;

e no mundo, em conclusão,

todos sonham o que são,

e que é assim ninguém entende.

Eu sonho que estou aqui

destes grilhões carregado

e sonhei que em estado

mais lisonjeiro me vi.

Que é a vida?: um frenesi.

Que é a vida?: uma ilusão,

uma sombra, uma ficção;

e o maior bem é bisonho,

que toda a vida é sonho,

e os sonhos, sonhos são.

Calderon de La barca

Estive com Silviano Santiago na FLIP de 2007. Tinha acabado de ler Em liberdade, ensaio em que o autor dá uma continuidade ficcional à Memórias do Cárcere, de Graciliano Ramos. Estava encantado com a obra e fui para a fila de autógrafo. Silviano não só autografou, mas fez questão de comentar sobre o livro e posar para uma foto comigo. Depois me falou da importância da aproximação entre o escritor e seu leitor. Hoje no lançamento do meu livro aqui na Convençao, lembrei de Silviano.
Trouxemos 400 livros para o evento, que se evaporaram em menos de uma hora, mas ninguém ficou sem seu autógrafo. Lá pelos 200, com a mão doída, me sugeriram apenas entregar. Eu nem cogitei.
A Convenção terminou há pouco com show de Elba Ramalho. Como Fagner, com altos e baixos. Uma banda competente, porém do mesmo jeito, com essa mistura de instrumentos percussivos com elétricos, sanfona com teclado, guitarra com zabumba, dando à apresentação um tom pasteurizado e muitas vezes, tedioso. Curioso que Elba tenha se enveredado pelos sons elétricos, quando seus dois últimos melhores discos foram justamente aqueles repletos de instrumentação crua (Baioque de 97 e Leão do Norte de 96). Gostei dela ter cantado Tareco e Mariola de Petrúcio Amorim, fui lá nos velhos discos de Maciel e Flávio José.
Uma libação de camarão e lagosta no Coco Bambu ontem a noite, me deixou meio banzo, com o estômago aperreado durante o dia de hoje. Evitei o vinho e a virtude e vi o show de Elba careta. Foi bom assim mesmo.

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