domingo, 25 de dezembro de 2011

Cinco filmes em 2011


"Por que me descobriste no abandono
Com que tortura me arrancaste um beijo
Por que me incendiaste de desejo
Quando eu estava bem, morto de sono

Com que mentira abriste meu segredo
De que romance antigo me roubaste
Com que raio de luz me iluminaste
Quando eu estava bem, morto de medo

Por que não me deixaste adormecido
E me indicaste o mar, com que navio
E me deixaste só, com que saída

Por que desceste ao meu porão sombrio
Com que direito me ensinaste a vida
Quando eu estava bem, morto de frio"

Chico Buarque, Soneto

Quase cochilei quando o telefone tocou. É sempre assim quando quase cochilo. Vim pensando em encontrar grandes engarrafamentos, mas a estrada estava vazia. Poucos carros retornaram no dia de natal. Podia ter almoçado com Jadim, aproveitado mais um pouco, mas como sempre faço, peguei a estrada. Nenhum dos meus botequins abertos, nem a Casa do Alemão. Não fosse o panetone da D. Ricarda, ainda estava com fome a essa hora, quase cinco. A essa hora quase cinco, sou eu de novo e o velho apartamento da Nilo Peçanha. Sossegue, Francisco Lima(!), alerto meu coração cansado. Mas ele não quer sossegar, está cheio de planos. Coração é assim, Vive fazendo planos! E antes que esse texto se torne mais uma pieguice chata, Vamos falar de cinema. Vi bons filmes em 2012. Minha escolha não será nada convencional. Nem Almodovar (achei enjoado, A pele que habito) nem Woody Allen (achei muito didático Meia noite em Paris), nem os irmãos Cohen (embora tenha adorado Bravura Indômita, acabou ficando de fora).

Os nomes do amor - pra mim, foi o filme do ano. Histórias de amor pouco convencionais, como essa, entre um burocrata e uma hiponga anarquista (a moça só transava com grandes ditadores, pra tentar convencê-los de que o mundo é melhor), me fascinam. E guarde esses nomes do cinema francês: Michel Leclerc (diretor), Jacques Gamblin e Sara Forestier.

Separation City - esse, neozelandês, também uma história complicada de amor. Bem contada, com uma bela cenografia e um roteiro sem retoques. Anote aí: Paul Middleditch (diretor) e Rhona Mitra (linda, faz a personagem central).

Abutres - árido, denso, com Ricardo Darin esplêndido, fazendo concessões ao controverso personagem, e uma cena de bolero (Nuestro juramento, com Javier Solis) antológica.

Um conto chinês - mais um filme argentino(?), mais um com Darin (?), é isso mesmo! Um conto chinês é uma delicada história de vida.

Malu de bicicleta - entre bons filmes brasileiros que vi em 2011, esse foi o mais simpático. Baseado numa história de Marcelo Rubens Paiva, tem Fernanda de Freitas iluminando o elenco.

Se quiser saber os filmes de 2008, 2009 e 2010 do Desconversa, é só clicar na data.

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