sábado, 6 de setembro de 2014

Não canto mais

Já cantei muito. Acredite, já cantei muito bem.
Uma das mais remotas lembranças que tenho da infância foi ter subido no palanque da festa de Miracema com meu avô para cantar. Em italiano. Minha Tia Inês poderá testemunhar com riqueza de detalhes essa história. Na velha Miracema, fui do coral da Dona Unidéia. Na igreja, do Coral do Aluísio. Ainda lembro muito bem das canções da igreja.
Por muitos anos, escutava as músicas e depois cantava. Tirava do violão com as quatro posições que aprendi e cantava. Cantava bem. As meninas costumavam gostar.
E até pouco tempo, quando Jadim puxava do cavaco, duas canções que eu gosto muito (Você não parece mais você de Aldir e Moacyr Luz e Trato do homem de Paulo Vanzolini), eu cantava a plenos pulmões.
Hoje não canto mais. Só canto em pensamento.A voz parece ter sumido. Dia desses, num sarau lá em casa, tentei cantar o Bolero de Isabel de Jessier Quirino e fiquei envergonhado. Um horror!.
E hoje ao atravessar a Paulista, me peguei cantando o Ardinita. Meu Deus, o que era aquilo??
Definitivamente não canto mais.

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