domingo, 1 de maio de 2016

Vozes do Magro

Deve ter sido por influência da ótima série da HBO, andei sonhando que as lojas voltaram a vender compulsivamente discos de vinil, esquecendo de vez o cd. Se meu sonho for concretizado, já vou eu na contra mão de novo. As novas masterizações trouxeram alta qualidade para o áudio dos cds, possivelmente melhor que o dos vinis, pelo menos para meus ouvidos.  Nos últimos anos, tenho saudado efusivamente cada novo laçamento, já tendo comprado três vezes os mesmos discos de Paulinho da Viola, só para ouvir o melhor áudio possível.




Nesse sentido, há um motivo nobre para correr às boas lojas de disco: saiu uma caixa com três discos essenciais do MPB4: Canto dos Homens, Dez anos depois e Vira virou. Na minha conta, ficou faltando só o volume 2 da Antologia do samba.




Eu li parte do excepcional "Vozes do Magro", livro em que o vocalista repassa a história do grupo através dos seus belíssimos arranjos vocais. Esta lá em Miracema aguardando a leitura completa e obrigatória.

Conheci o MPB 4 do disco "Antologia do samba  1", de 1974, o primeiro a sair bem masterizado Antes só conhecia a canção "Amigo é pra essas coisas".
Para se ter uma ideia da importância desse disco na minha vida, só adianto que foi por ele que eu conheci Nelson Cavaquinhos, Ismael, Ataulfo, Monsueto. Foi quando o samba apareceu na minha vida como uma força arrebatadora. Eu tinha 13 anos e era um long play da Tia Cicida que foi morar na minha vitrola., Certamente um divisor de águas no meu gosto musical. 
Depois vieram as boas remasterizações de Cicatrizes e Bons tempos, hein!. O primeiro é habitualmente cultuado como o melhor disco do grupo. Tenho cá minhas duvidas, mas adoro os arranjos da própria Cicatrizes e de "Última forma", que choro quando ouço desde que ouvi a primeira vez.
Bons tempos hein! Inaugurou uma fase mais moderna nos arranjos e nas musicas do grupo. Se tivesse que escolher um, seria esse. Sei de cor até hoje desde Fantasia até Velho ateu, passando por Tropicalia, Angelica, e um Cebola Cortada que compete com o arranjo que Hermeto fez para o Orós do Fagner.
Dos que saíram agora, o que mais lamentava não ter saído ainda e aguardava, era o Vira virou. Achei que não ia sair nunca. Esse disco veio quando a gravadora Ariola (depois absorvida pela Universal) se instalou no Brasil e contratou vários artistas e lançou discos seminais de Alceu, Chico, João Bosco e Ney, dos que eu me lembro. Vira virou também furou na vitrolinha, ainda me emocionam os arranjos feitos para A Lua, Por toda lã e a própria Vira virou, um fado do Kleiton e Kledir, que também apareceram na nova gravadora.
Ouvi muito o Canto dos homens e adoro o arranjo de Corrente, e esse Dez anos depois é quase novidade pra mim, mas Pressentimento já vale o disco.
A morte do Magro e a saída do Rui Faria ( meu Tio Marcio jurava que foi colega dele no Colégio de Pádua e que ele vivia batucando uma caixinha de fosforo) empobreceram o MPB4. Posso estar sendo injusto porque ouvi pouco, mas não gostei muito do disco de boleros, o último do grupo.
Fato é que ainda batucam no meu peito as canções e os arranjos vocais desse maravilhoso quarteto.




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Consultando a discografia no site do grupo, percebo que, dos que ouvi muito, ainda faltam o Tempo tempo, o Caminhos livres e o Cobra de vidro, o primeiro com o Quarteto em Cy. Que tal uma nova caixa?




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Assisti "Ave César", dos irmãos Cohen. Se não foi ainda, corra para o cinema;







2 comentários:

Nicolly disse...

Muito bom, adorei o blog! adicionado aos favoritos! ;D

Heitor disse...

Adorei o conteúdo! Parabéns!

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