segunda-feira, 22 de julho de 2019

Um rico lavrador da Rua Nilo Peçanha


“A minha namorada ficou grávida
Não se conforma nem eu sei lidar isso
Gravidez é coisa complicada
Senão bastasse ficou grávida do Wilson

Não tomou pílula nem ele pôs camisa
Com tanta aids e milhões de zoid zoid
O irresponsável é o amante da vizinha
Desocupado que só houve pink floyd”



Careqa e Assumpção, Pai postiço




A décima canção de afeto é de 2006. Nessa época eu era sozinho, casado com a estrada e a S10, a música era alta e bem ouvida, e não existia pendrive nem streaming. Selecionava minhas canções prediletas de cada disco para montar um cd e ouvir estrada afora. Foi assim que nasceram as canções de afeto.

A décima canção de afeto começa com “o pé de milho”, de Rubem Braga, recitado por Edson Celulari. 

Meu pés de milho são minhas canções de afeto. Cultivo esse hábito desde as fitas cassetes, acredito que já devam estar na quinta ou sexta geração. Agora retomei a organização delas (são 39, algumas inacabadas), e ouvi-las tem me dado um grande prazer.

Posso contar a história de cada canção, de como me apaixonei e ouvi infinitas vezes, mas vou me ater às principais.

Una cancion para Magdalena - é uma das mais bonitas do repertório de Joaquin Sabina. Já conhecia em versões tristes como é a canção, com ele e com Adriana Varela e talvez outros que já não lembro. Aqui ela toma forma de um bolero triste e é gravada em dupla com Pablo Milanes. 

Senhorinha com Nana Caymmi - a canção de Guinga e Paulo César Pinheiro, já decantada com rara delicadeza com Mônica Salmaso. Aí veio Nana e reinventou a canção, como faz sempre. Gostei tanto que figura duas vezes na décima, acredito que por distração minha. 

Sereia de água doce e Dama, valete e rei, com Maria Bethânia - nessa época, Bethânia lançava discos belíssimos em sequência. Essa duas marcaram muito. São de Pirata e Tua. A segunda deve ter entrado em alguma revisão, pois é de 2009.

A cumeeira de aroeira dessa casa grande, com Maciel Melo e Jessier Quirino - essa canção voltava tanto que acabei decorando a longa letra. Lembrava da casa do Barreirinho, fazenda do meu avô. Toda vez que tocava, era transportado para lá e para os pés de manga carlotinha e abil e para o frango com quiabo da Sá Esmera.

Joan Manoel Serrat cantando em catalão, Chavela no Carneggie Hall encantando Macorina, Maria Martha do acerto de contas de Vanzolini, um fado de Jorge Fernando, as praticamente estreantes Céu e Mariana Aydar, está tudo na décima.
E, claro, o samba de breque Pai postiço, Carlos Careqa e Itamar Assumpção, digno do melhor Morengueira.
Deixei um pouco os discos novos de lado para ouvir as velhas canções de afeto.
Faz me bem.
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Sábado jantei com a família num restaurante da Rua dos Artistas. Ótimo camarão e, claro, a lembrança inevitável do clássico de Aldir Blanc, considerado por Arthur Dapieve o grande letrista da música brasileira. Concordo.

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