sexta-feira, 9 de agosto de 2019

É músico também quem sabe ouvir




"Pegue essa baqueta obsoleta esquecida na gaveta e procure onde bater"
Luiz Tatit, Toque o tambor


Na história de qualquer amante da música, não é incomum que existam discos que ficaram eternos, que furaram a vitrola de tanto que ouvidos. Posso citar Nana e Mudança dos ventos, Milton e o Clube de Esquina 2, Eduardo Gudin e o Notícias dum Brasil, Paulinho da Viola e A toda hora rola uma história, entre outros.
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Meu disco medular de Gilberto Gil é o Refazenda. 
Acho Gilberto Gil o melhor intérprete das suas canções e um de nossos melhores intérpretes. Recentemente ouvi Giro, em que Roberta Sá gravou canções inéditas de Gil (bom) e OK OK OK, do próprio Gil (ótimo).
Acompanho desde sempre. Decorei Domingo no Parque ainda menino, acompanhei com entusiasmo a fase roqueira, tenho em conta os últimos discos de samba e bossa, mas Refazenda será sempre a minha maior referência.
Ensinou-me um pouco de choro (Pai e Mãe), Dominguinhos ( Lamento Sertanejo e Tenho sede), Jorge Mautner (O rouxinol) .
Tem uma das letras mais tocantes do compositor: Retiros espirituais, aquela que fala que "ter problemas é o mesmo que não - resolver tê-los é ter, resolver ignorá-los é ter."
O Lamento já teve inúmeras regravações, gosto particularmente de uma do Renato Braz e um arranjo do Moreira para a Academia do Choro. Nessa mesma levada, Gil gravou um de seus discos mais bonitos: O Sol de Oslo.
E o que dizer de Pai e mãe? Mantive um distanciamento dela muito tempo, até aprender a "beijar outros homens como beijo meu pai".
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Refazenda tem 44 anos. O tempo, a mão, o tempo.
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O título desse texto é de autoria de Dino Sete Cordas. Aprendi ontem com o cavaquinista Jorge Filho, na Casa do Choro. Obrigado, Marila.

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