sábado, 24 de agosto de 2019

Já deu bom dia pra escova?



..."E se rindo, eu aposto, dessa bobagem de contar tempo de colar números na veste inconsútil do tempo, o inumerável, o vazio repleto, o infinito onde seres e coisas nascem, renascem, embaralham-se, trocam-se. com intervalos de sono maior, a que, sem precisão científica chamamos de morte."


Drummond, Manuel Bandeira faz novent'anos




É bom esse acordar de sábado sem hora com Lucas. Só nosso. E ligar as canções da casa sem limite de altura, para acordar o prédio
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Minha mãe faria anos hoje. Não sei quantos, nem ela saberia dizer.  Procuro esquivar-me do tema. Coloquei uma nota no facebook, mas logo retirei. Piegas.
Minha mãe era uma cuidadora. Cuidou dos filhos a vida inteira. Quando eu tinha 50 anos, ainda me ligava recomendando escovar os dentes, olhar para os lados na hora de atravessar a rua e não deixar de ir à missa no domingo, mesmo quando eu já tinha perdido qualquer rastilho de fé cristã.
Era triste por natureza, poucas vezes a vi sorrir por si própria. Só sorria para falar dos filhos, tinha orgulho da família toda. Procurava encontrar suas próprias justificativas para nossa falhas.
E hoje, não há um dia que não sinta falta das suas ligações, das suas cartas, da sua preocupação diária. 
De manhã, quando fui perguntar ao Lucas se já havia dado bom dia a sua escova, lembrei desse texto, que comecei no dia 20, e não termina nunca.
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Nem eu mesmo sei o que estou lendo, Laura. Leio vários livros ao mesmo tempo, em tempos diferentes, geralmente no kindle, que é mais fácil carregar. 
Nos últimos tempos, incluí a auto ajuda em meus livros. Antes proibida na minha biblioteca, depois que descobri Fabricio Carpinejar, passei a lê-los também. E adorei ler Amor à moda antiga, com poemas escritos à máquina de escrever como esse aí em cima. Do autor, li e gostei também de Cuide de seus pais antes que seja tarde. e agora estou lendo Minha esposa tem a senha do meu celular. Complicado.
Minhas releituras obrigatórias são uma versão de Ana Karenina traduzida do russo, deliciosa, e Cartas na rua, de Charles Bukowski.
E ainda não terminei de ler as cem crônicas de música do Dapieve, mas já ultrapassei o rock Brasil.
E, sim, O andar do bêbado, de Leonard Mlodinow, um livro que demonstra de que forma o aleatório pode influenciar de forma catastrófica ou espetacular na nossa vida. Bom de ler.

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