quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Dois anos desconversando

Escrever pra recordar. Pra não perder. Pra juntar. Escrever pra repetir. Isso parece nome de blog de amiga, mas é o desconversa mesmo, que faz dois anos amanhã. Quando decidi escrever, tinha o orkut, o MSN e outras ferramentas de comunicação via web. Minha escrita é um ato corrente de solidão. O blog era o caminho mais lógico. Não me arrependi. Tentei várias vezes um endereço no MSN, acho que a Laura fez um orkut pra mim, mas nada disso deu certo.
Nesses dois anos, escrever tem sido, por exemplo, descobrir uma canção e saudá-la. Achar um trecho bonito e dividí-lo. Comentar sobre um filme interessante ou não.
Escrever sem ter pretensão crítica. Sem a obrigação de tentar ser igual ou diferente do que quer que seja. Escrever sem estar vinculado a nenhum tipo de compromisso estético.
Escrever quando muitas vezes é só a escrita que resta. A escrita e o abismo. E no dia seguinte, detonar o abismo porque já é outro dia. Meus textos de abismo costumam ser efêmeros. Geralmente, só os conhecem, quem lê o blog todo dia. Costumo rever, suavizar, apagar.
Escrever quando se perde. Nesses dois anos perdi muito. Perdi amigos, parentes, pessoas que continuo amando mesmo que não estejam mais aqui comigo. Consolidei perdas sofridas de muitos anos. Escrever sobre as perdas é mais complicado.
Mais fáci escrever quando se ganha. Ganhei muito. Ganhei três filhos cada vez mais próximos, vi o trabalho fluir com naturalidade. Ganhei companheirismo, compreeensão e afeto sempre que precisei deles.
Sempre que sentei pra escrever, a escrita só fluía quando era necessária. Só ficava boa se fosse vomitada. Só permanecia quando era misturada com dor, alegria, cansaço, ilusão. Só perpetuava quando estava relacionava com viver ou morrer.
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Um ano de desconversa aqui.

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