quarta-feira, 30 de novembro de 2011
Poemínimos
O lanche da TAM tinha profiterolis.
Não tinha sorvete de creme.
Nem tinha chantili.
Mas tinha profiterolis.
E eu reclamando da vida.
E das companhias aéreas.
Um dia de trabalho
Quatro horas entre
a Nilo Peçanha e a Alameda Santos
Seis horas trabalha trabalha
responde responde
amassa responde.
Quatro horas entre
a Alameda Santos e a Nilo Peçanha.
Ai de mim!
segunda-feira, 28 de novembro de 2011
Confuso
...........................................
Viajei de ônibus pra Miracema na sexta. Na classe executiva da 1001. A classe executiva da 1001 possui um lanche muito melhor do que o da gol e melhor do que o da TAM: snaks bauducco, polenguinho, suco de uva e outros itens que já não lembro, mas que podem ser considerados iguarias perto do lanche das companhias aéreas. De todo jeito, não fosse o tempo de viagem (quase 6 horas), dava pra continuar viajando de 1001 ad eternum.
.............................................
Fabiana Cozza está lançando um disco novo. Mais contida, sob a batuta carioca do Paulão Sete Cordas, é mais um ótimo disco de samba que só veio pra atrapalhar as escolhas dos melhores do ano.
domingo, 27 de novembro de 2011
A velha história de amor que sempre acaba bem
Dar-te ares de duquesa
Dois olhinhos de turquesa
E nome de imperatriz.
Olhar que voa cantando
Um coração quando passa
Dentro das veias vibrando
Com sangue da velha raça
Pra explicar-te, a frase cai
Sem que a razão acompanhe
Se o fino encanto da mãe
Se o claro espírito do pai
Mas pensando em tua graça
Que o alto céu aprontou
Eu sei que nela perpassa
A velha verve do avô
Talvez o tempo decida
Num belo dia que verei
Tu ires fazer a vida
Com quem tem nome de rei"
Câmara Cascudo, Maria Luiza
Não digo que seja fácil, porque Luisa não é fácil. Mas de uns tempos pra cá, instaurou-se uma cumplicidade de olhos entre pai e filha, uma profusão de gestos, uma delicadeza de ninguém perceber, só nós, que seria até deselegante dizer que é difícil.
Quando vejo um filme ou ouço uma canção que me toca, penso logo em como seria interessante ouvi-la ou vê-la pelos olhos de Luisa.
Houve um tempo em que acordar era um pesadelo, e pensar que Luisa existia, tornava o dia mais leve. Estar aqui por ela, já é um grande acontecimento.
Entre um poema do Bandeira, um texto do Braga ou uma canção da Rita Lee, Luisa brinca de me encantar a vida toda com seu jeito leve de viver.
domingo, 20 de novembro de 2011
Saudações tricolores
Apesar da bela companhia (Laura), o que já valeria o bom filme, o Cinemark sempre faz questão de estressar o pessoal da fila, com discussões intermináveis na nossa frente, que quase prejudicam o início da sessão. E aquele cheiro rançoso de manteiga de pipoca nublando a projeção.
.............................................
E um Fluminense arrasador em Santa Catarina coroou esse belo fim de semana solitário, reflexivo e sonolento. Está muito bem.
sábado, 19 de novembro de 2011
Discos e etc
Salpicado de orvalho, leite cru e tenro cocô de cabrito,
Sinto muito, mas não posso ir a Feira de Sant’Ana.
Sou poeta da cidade,
Meus pulmões viraram máquinas inumanas e aprenderam a respirar o
[gás carbônico das salas de cinema.
Como o pão que o diabo amassou.
Bebo leite de lata.
Falo com A., que é ladrão.
Aperto a mão de B., que é assassino.
Há anos que não vejo romper o sol, que não lavo os olhos nas cores
[das madrugadas
Eurico Alves, poeta baiano,
Não sou mais digno de respirar o ar puro dos currais da roça."
Manuel Bandeira, Escusa.
....................................................
Pé de crioula, da catarinense Ana Paula da Silva é o mais universal. Os arranjos fáceis de Cláudio Jorge transportam o disco para a Lapa, com destaque para a regravação de Me alucina, de Candeia.
Finalmente, Elisa Addor e seu Novos tempos, que me foi gentilmente cedido por Marila, é mais um disco difícil de achar e bom de ouvir (gravadora Bolacha Discos??). Já aqui, também pilotada por Krieger, Elisa parece querer aproximar a Lapa dos Novos Baianos.
.......................................................
Ainda não consegui gostar do novo de Lô Borges, Horizonte Vertical, mas prometo que vou dar mais uma chance ao disco. Parece mais uma tentativa de acender a chama do Clube de Esquina, tem um Mantra Bituca insuportável e um esforço para parecer moderno, com Fernanda Takai e Frejat.
..........................................................
Também achei desnecessárias as intermináveis regravações de Jards Macalé em Jards, mas o disco tem seus encantos. O mais bonito é Mulheres, de Macalé e Zé Ramalho, que aqui ganhou uma gravação decente. E Revendo amigos é sempre bom de ouvir. De resto, prefira as originais.
..........................................................
E o que dizer do novo disco brega de Marisa Monte, O que você quer saber de verdade? Eu devo ter o mesmo fraco pela canção brega que ela, porque gostei do disco. Mas Marisa parece ter se esquecido da excelência em Cor de rosa e carvão. Valeu muito o Lencinho Querido de Dalva, com o Café dos Maestros.
...........................................................
Vi dois filmes meio assustadores, triiiiistes de doer: O garoto da bicicleta e Beautiful Boy. Ambos são histórias de meninos e perdas, e só o segundo trás esperança de dias melhores.
.............................................................
Exausto, engatei um sono de muitas horas essa tarde, como há muito não engatava. Algumas horas de sono para ver se o pé deixava de latejar, se o estômago contorcia menos e a vida continuava. Desculpe, Bia, o máximo que aguento é dar uma olhada no jogo do Vasco e dormir de novo. Mas tudo de bom pra você assim mesmo!
terça-feira, 15 de novembro de 2011
Que nem a gente
Favelado não é tudo traficante
Milionário não é tudo prepotente
Maltrapilho não é tudo meliante
Elegante não é, necessariamente,
Tudo competente
Ianque não é tudo imperialista
Paulista não nasceu tudo na mooca
Sambista não é tudo carioca
Artista não é tudo comunista
Maconheiro e indecente
Todo mundo é meio assim que nem a gente:
Tudo igual mas muito diferente
Muçulmano não é tudo terrorista
Imigrante não é tudo delinqüente
Deputado não é tudo oportunista
Retirante não é, necessariamente,
Tudo indigente
Baiano não é tudo irreverente
Mineiro não é tudo come-quieto
Batuque não é tudo o som do gueto
Barbudo não é tudo comunista
Militante ou presidente
Todo mundo é meio assim que nem a gente:
Tudo igual mas muito diferente
Celso Viáfora, Que nem a gente
Fui tomado de surpresa dessas que só o cinema e a música podem trazer, e aconteceu no meio de bons e maus momentos que tive nesse feriado de terça, no finalzinho dele, para abençoar esse dia torto de viagem e cansaço: esse filme francês "Os nomes do amor" é, como há muito não tem sido, desses filmes que fazem levitar, que desmontam a gente das poltronas dos cinemas. Desses em que a gente descobre que a vida só vale o pouco que vivemos, o minguado da nossa existência. Logo me remeteu à canção de Celso Viáfora, que ano passado produziu-me sensações semelhantes quando fora descoberta.
Ontem só conseguira escrever isso:
Ledo engano: Eu separo o segundo caderno de sábado e domingo e guardo. Miracema me espera. Separo as Vejas não lidas, as Bravos, as Roling Stones, pensando que finalmente chegará o dia de lê las. Chego aqui e o que sei fazer é não mais que uma extensão do que faço lá: abro e-mails de vez em quando, respondo, vejo filmes, reabro, respondo de novo. Rezo por um dia branco, em que eu possa finalmente ler a coluna do Wisnik sem largar no meio, rir dos críticos da revista, reclamar do excesso de propagandas.
Mas agora, esse filme me fez ver as coisas de um jeito diferente. Devolveu-me alguma esperança inútil, mas é certo que devolveu. Os momentos compartilhados com meus filhos cada vez mais estreitos, as canções que saíram ontem daquele sarau abstêmio lá em casa, a devoção que alguns amigos de casa e do trabalho dividem comigo, o ouvido atento ao som do carro pra viagem passar mais rápido, a compreensão, a fé em alguma pouca humanidade, mas que seja. Valeu!
domingo, 13 de novembro de 2011
Pizza
Há bem pouco tempo, já tinha dito ao Chicó que nos contentássemos com a permanência do time na primeira divisão, tamanha a incompetência no primeiro turno, fruto de uma ação desastrosa da diretoria, que nem convém lembrar agora. A vitória sobre o Inter em pleno Beira Rio acendeu nossa minguada esperança de dias melhores. Ontem, no entanto, voltamos à realidade.
Há um benefício nisso tudo. Habitualmente só vejo jogos do Fluminense. De uns tempos pra cá, andei secando Flamengo, Vasco, Corínthians ou quem quer que pudesse nos atropelar. Agora joguei a toalha. Voltei a ter a meta do não rebaixamento por princípio.
E que falta faz o Deco, hein? Ninguém criava nada ontem naquele time. A atuação de Fred se limitou a um chute de voleio defendido por Neneca. E onde andou Sóbis o jogo todo? E quem explica essa entrada do Araújo? Blá blá blá ....
.................................................
O pequeno Nicolau é um fime delicado sobre a infância, ainda que o diretor exagere em algumas situações e o torne meio caricato.
Também testei as séries The American Horror Story e Os irmãos Grimm. Não são lá essas coisas, mas dá pra passar o tempo. Tic, tac.
sexta-feira, 11 de novembro de 2011
Alguns muchochos e um gramofone
................................................
E há, sim, coisas interessantíssimas acontecendo. Carolina, meu bem, acabou de dar a luz à Gabriela, renovando nossas limitadas esperanças na humanidade. Fabiana Cozza está lançando disco novo arranjado pelo Paulão. Estou economizando o final de Nemesis, o novo de Philip Roth, mais um extraordinário. Mas o fato mais esquisito que aconteceu essa semana foi o gramofone de 1918 (mais ou menos) adquirido pelo Cláudio e funcionando maravilhosamente. É triste pensar que aquela pequena iguaria foi bater na mão de um comerciante que nem sabe quem é Catulo da Paixão Cearense! Cheguei a oferecer 200, mas ele nem ouviu.
segunda-feira, 7 de novembro de 2011
Frank Pegador
Finja que vai partir
Tome um lugar no bonde
Não peça que ande
Nem diga por onde seguir
Lembre que só depois
Quando chegar ao fim
Mesmo sem brilho e sem glória
Verá sua história contada assim
Passa em seu passo tranquilo e cansado
De quem já sabe de cor seu destino
Para, suspira e prossegue
Vai percorrendo
Rota de sua rotina de sempre chegando e partindo
Por um caminho traçado no chão
Cantando
Contente
Tin dim dim tin dim dim
Chega ao ponto final
Vê, companheiro e confessa
Que o bonde sem pressa chegava depressa demais
Quem não achava o dinheiro saltava ligeiro
Corria e pegava o de trás
Guardo no meu pensamento transformo em cantiga
Momentos que foram tão meus
E hoje quem passa nem liga
Nem pensa em dizer adeus"
No sábado peguei Chicó e passamos o dia no Wii, jogando boliche. Criei o personagem Frank Pegador e bati o record da casa com 5 strikes consecutivos e uma sub luxação. O menino ficou impressionado.
Sábado de noite cantei parabéns pra Laura e retornei domingo a tempo de ver mais uma goleada de dois a um do tricolor.
Dessa vez só me cansou a viagem, que afinal, nem cansou tanto assim.
sábado, 5 de novembro de 2011
Obrigado
quinta-feira, 3 de novembro de 2011
Aula de samba
O disco é de 81. Conheci Almir mais à frente, já na RGE, naquele disco que tem Conselho e Lama nas ruas (outro clássico), de forma que os partidos, os pagodes e os mocotós do velho disco soam novíssimos pra mim.
Hoje na Baía, vim ouvindo o estupendo III, do Kora Jazz Trio. Quase saí dançando da Cantareira com a versão que eles fizeram para o Chan chan. Num dia confuso como esse, descobrir novos sons é um alumbramento.
quarta-feira, 2 de novembro de 2011
Dois filmes e um feriado inútil
Para um dia razoável, nada melhor quando aparecem dois filmes razoáveis. Kevin Spacey e Tom Hanks acabaram salvando o dia dos mortos. O primeiro, no mezzo divertido mezzo drama O pai da invenção. Foi bom para ver Kevin que andava sumido e consegue salvar do tédio, uma historinha habitual e meio morna. Já Hanks tem que salvar o filme (intitulado no Brasil -argh!!!- como O amor está de volta) e Julia Roberts, mas quem salva mesmo quando pouco aparece é Brian Cranston, que faz o marido canalha e libidinoso de Julia. Acho que os dois pegam 1A só pelo fato de terem passado pelo finados sem que eu desistisse de vê-los na primeira metade.
Minhas lembranças do dia de finados são cheiro de flor, missa e cemitério de Miracema. Eu ia lá em menino, tocava o sino e saía correndo, mas nunca no dia de finados.
Fora essas, de pura folgazanice, fui muito pouco ao cemitério. Se pudesse conversar de novo com meu avô, que morreu quando eu tinha 9, mas ainda vive nas boas lembranças da minha vida, não vacilaria e retornaria lá, quantos dias fossem precisos.
terça-feira, 1 de novembro de 2011
Na hora do almoço moderno
"Ainda sou bem moço
Pra tanta tristeza
E deixemos de coisa
E cuidemos da vida
Se não chega a morte
Ou coisa parecida
E nos arrasta, moço,
Sem ter visto a vida"
Belchior, Na hora do almoço
3) Dar uma passada no Cláudio e no Alex para ver se tem um disco ou um filme novo. O melhor dia para se ir no Alex é segunda, não me pergunte porque. No Cláudio, é imprevisível. Podem passar dias sem ter nada e de repente aparecer um acervo de jazz ou clássico extraordinário.
4) Caminhar a esmo pelas ruas do velho centro, preocupado em não tropeçar em pessoas, buracos, hidrantes, explosões.
5) Pagar contas, comprar remédios, sacar dinheiro, lembrar que nada se repete à luz do Sol e no caso da categoria "pagar contas", ainda bem.
.............................................
A foto acima foi tirada num almoço prorrogado em Odete Lima. Tem o espírito dos nossos meio dias.
O amor acaba
O amor acaba. Numa esquina, por exemplo, num domingo de lua nova, depois de teatro e silêncio; acaba em cafés engordurados, diferentes dos p...
-
"O pauloleminski é um cachorro louco que deve ser morto a pau e pedra a fogo a pique senão é bem capaz o filhadaputa de fazer chover em...
-
Depois desse hiato de muitos dias, tento retirar a trava e voltar a escrever. Ficar travado, em geral, é como respondo ao luto. Não choro, n...