As coisas vulgares que há na vida
Não deixam saudades
Só as lembranças que doem
Ou fazem sorrir
Há gente que fica na história
da história da gente
e outras de quem nem o nome
lembramos ouvir
São emoções que dão vida
à saudade que trago
Aquelas que tive contigo
e acabei por perder
Há dias que marcam a alma
e a vida da gente
e aquele em que tu me deixaste
não posso esquecer
A chuva molhava-me o rosto
Gelado e cansado
As ruas que a cidade tinha
Já eu percorrera
Ai... meu choro de moça perdida
gritava à cidade
que o fogo do amor sob chuva
há instantes morrera
A chuva ouviu e calou
meu segredo à cidade
E eis que ela bate no vidro
Trazendo a saudade
...............................................
Chuva, Jorge Fernando
...............................................
Nem percebi que é quase natal. Tenho evitado convites festivos, reuniões de fim de ano. Meu trabalho, minha casa, meus filhos, já são uma comemoração diária. Suificientam-me quase sempre.
.............................................................................
Cinco canções de 2008.
Difícil nominar depois de ouvir tantas.
Vamo lá. Chuva, de Jorge Fernando, com Mariza, foi ouvida ao longo do ano todo, chovendo ou fazendo Sol. É um fado moderno tocante.
Louco por você, de Ivan Zigg, do disco de Clara Sandroni (Cassiopéia), com a percussão aquática comovente de Carlos Fucks, não parou de tocar na rádio desconversa FM.
Questão encerrada, de Rubens Nogueira e Paulo César Pinheiro, com Rubens e Juliana Amaral entrou agora na lista e já foi indicada. É um samba canção de primeira.
De terra para humanidade, de Tom Zé, com Tom e Badi Assad, do cd Estudando a bossa. Depois do show de João Gilberto, foi a homenagem mais bonita que a bossa nova recebeu.
Finalmente, a delicadíssima Toada, de Mário Séve e Guilherme Wisnick, com Mõnica Salmaso.
.................................................................................
Contudo, a música que mais ouvi em 2008, em trocentas versões (as que mais ouvi foram as de Gary Burton e Gidon Kremer) foi o Invierno Porteño. É muito reconfortante redescobrir um Piazzolla a cada nota da vida. E essa canção tem o desfecho mais lindo da história da música.
..................................................................................
Descubro lamentoso que meu amigo Flávio abandonou a crônica do blog Flávio Diário. Ultimamente, os blogs têm sido um ótimo refúgio para boas leituras e segundas opiniões. Espero que volte.