quinta-feira, 29 de outubro de 2009
Alumbramento
segunda-feira, 26 de outubro de 2009
Destino Bocaiuva
Depois vieram Buika e Chucho Valdez, outra idéia esplêndida, o novo do Chico Saraiva (com Adriana Ferriani), um frevo diabo de Siba, que fez a enfumaçada e calma Praça Araribóia parecer um salão de festa para um ouvido e o esplêndido Destino Bocaiuva, com Guinga e Paulo Sérgio Santos. Definitivamente, meu Ipod se regenerou.
sexta-feira, 23 de outubro de 2009
A dignidade do suicídio
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Minha tia esteve na minha casa quinta-feira e estendeu o lençol da cama. Cheguei em casa e fui o menino de novo. A cama arrumada pela minha tia vem com um adicional de conforto e muitos anos de dedicação e apreço. É, por assim dizer, uma cama mais fofa do que a que eu mesmo arrumo, atropeladamente. Minha tia vem estendendo o lençol para a família há muitos anos. Tem sempre algo pra dar. Carinho, afeto, esperança, geladeira, ventilador de teto, cortina. Anda doente, mesmo assim nunca desiste.
quarta-feira, 21 de outubro de 2009
Cenários
Nas asas da Panair
A maior das maravilhas foi voando sobre o Mundo
Nas asas da Panair"
Por isso mesmo, meu primeiro vôo pela Ocean Air fica aqui registrado para não esquecer nunca. Foi hoje, vindo de São Paulo.
Não foi a primeira vez que viajei num fokker. Não foi a primeira vez que trepidei num fokker. Brrrrrrrrr!!!!!!!!!!!!!!!!!
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O vôo serviu pra terminar de ler "O dia em que o rabino foi embora", Harry Kemelman. O livro inteiro é o cenário da história que é contada e concluida no último capítulo.
É mais ou menos assim que é a vida. O cenário de uma história que acaba nunca dando em nada.
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O que é, afinal, a vida? Não mais do que ter ótimos filhos, bons discos, trabalhar onde se gosta. E nunca dar em nada. Mais nada!
segunda-feira, 19 de outubro de 2009
Cheiro de chuva
Estranhei, óbvio. Pareceu-me inadequado estar aqui só a trabalho. O dia todo foi muito lento, o trabalho não rendeu mais do que o usual. A empresa, em conformidade com a total incompletude do ambiente, resolveu dispensar os funcionários às 16 e 30.
Cheguei a pensar que pra mim talvez ficasse inviável trabalhar aqui sem esses complementos da hora do almoço.
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Outros fenômenos tornaram a segunda lenta: o início do horário de verão, quando se perde uma hora de sono, e o clima desigual da noite niteroiense: começa abafado, depois congela.
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No início da noite, uma chuva torrente e prematura veio como uma bênção. Fiquei na janela ouvindo aqueles pingos urgentes. Esse cheiro de chuva percorre minha vida inteira como um sentimento misturado de paixão e medo.
sábado, 17 de outubro de 2009
Ortega a perigo
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Danei a ajeitar discos e livros, tirar o pó das estantes, mudar as coisas de lugar pra ver se sobra algum espaço. Difícil.
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O bom fim de noite dessa última semana foi recheado de filmes não tão bons. Tenho dormido tarde. Comecei com Shrink, the doctor is out, ótimo, Kevin Spacey perfeito no papel de um psiquiatra suicida. Depois vi Os falsários, filme alemão que ganhou o Oscar de estrangeiro em 2008. Gostei também. Muito bom o desempenho do ator Karl Markovics. Bela idéia a escolha dos tangos para a trilha do filme. E daí Reféns do medo, um filme sobre serial killers dirigido por Dario Argento. Curioso foi ver Emmanuelle Seigner, a deusa de Lua de fel. Envelheceu, mas ainda dá um caldo! E finalmente, a comédia Maldita sorte, que no máximo deu pra passar o tempo.
quinta-feira, 15 de outubro de 2009
Pequeno caos de quinta
Meu estômago ferrado do almoço de ontem, arde e regurgita.
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Dias como esse me esgotam. Fiquei o dia por conta de um estudo diagnóstico. Uma coisa fascinante poder trabalhar nisso. Ao mesmo tempo, esgota. Somado ao banco e ao estômago rugindo, restou o surto.
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Surtei, é verdade. Rosecrilda viu. Não foi um surto como os de antes em que eu errava a estrada e dava cabeçadas no teto do carro, foi só um surtinho. Um acúmulo de dor, cansaço, sofrimento pela incompetência alheia, e o estômago revirado.
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Durante o surto, acho que devo mudar o Mundo. Ligo pra todas as pessoas que não têm nada com isso, mudo planos, empalideço. Custa um pouco, mas aprumo. Quando aprumo, tenho que desfazer tudo que refiz e voltar ao mesmo lugar de antes.
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A velhice, a terapia, os inibidores de recaptação da serotonina e a falta absoluta de esperança na humanidade aplacaram meus impulsos, mas ainda há aqueles dias.
terça-feira, 13 de outubro de 2009
Idéias geniais
O cirurgião Ben Hur Ferraz Neto, um dos maiores nomes do transplante de fígado do país, também tem idéias geniais. A primeira é recomendar a instalação de caixas pretas em todos os centros cirúrgicos do país, com o objetivo de criar um banco de informações de imagens, sons e dados de milhares de cirurgias. Fundamental na compreensão e na prevenção do erro médico.
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A outra idéia é que o médico seja remunerado apenas na consulta de retorno. A primeira consulta teria duração de no mínimo uma hora e seria usada para compreensão da doença e avaliação da capacidade efetiva de oferecer ajuda. Está na entrevista da Veja dessa semana e já vale a revista.
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Sou contra feriado às segundas. Feriado devia ser sinônimo de sexta. Cheguei na empresa hoje de manhã e um maremoto de reuniões incessantes tomou conta do meu dia. No fim do dia, estava tão esgotado e vazio que mal conseguia avançar num raciocínio lógico. Além disso, Renatinha pareceu-me triste. Quando Renatinha está triste, o dia costuma perder um pouco do sentido.
segunda-feira, 12 de outubro de 2009
Trato do homem
Primeiro vieram os cavalos. Depois motos buzinantes, depois bicicletas, depois gente, e finalmente os carros. Dois dos carros tocavam música breganeja numa altura que faria corar Aparecida de vergonha.
Um dos cavalos estava com gastroenterite e começou a fazer suas necessidades em frente a casa de minha mãe. Vim sentindo cheiro de bosta fresca, impregnado nas minhas narinas melequentas de rinite até a Serra do Capim. Clarice definiu os cavalos como os mais nus dos animais. Se visse aquele alazão se borrando todo hoje, ia ficar mais convicta ainda.
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Sou do tempo em que o que mais enfeitava a mulher ainda era o trato do homem, como diria Vanzolini. Fiquei espantado de saber que um amigo meu está se separando por iniciativa da mulher! Como assim?????
domingo, 11 de outubro de 2009
Sou que nem Guriatã que morre cantando
Em Niterói, a conectividade com o resto do mundo.
Em Miracema, estar perto e longe de quem amo.
Em Niterói, longe e perto.
Quando estou só, sinto uma falta imensa do meu trabalho. Meu pai, 73, se realiza quando pega o trator e vai arar a terra. No meu trabalho, nunca estou só. No máximo, sozinho.
A vantagem de estar só nos dois lugares é que posso ouvir Beirut ou Tantinho da Mangueira sem ter que dar explicações.
Já explicamos muito. Vivemos explicando isso e aquilo. Meu bom gosto musical tem graves defeitos e eu gosto de todos eles. Deixa eu quieto com meu ouvido!
Afinal, eu não implico com essas coisas que a mídia impõe e pisa em cima de nós. Sou capaz de passar uma semana na Enseada Azul ouvindo Cesar Marciano e Zé Mennotti e ficar quieto.
Maria Bethânia gravou mais duas obras primas. Ouço com calma. A primeira canção que me chamou atenção foi Guriatã, uma guarânia de Roque Ferreira. Roque Ferreira pensa ecleticamente como eu. É um baiano que compõe inclusive guarânias. E daí?
Quando estou só, vejo filmes. Vi, por exemplo ontem, Beijo roubado e hoje, Sete vidas. O que me atraiu em Beijo roubado foi o fato do roteiro ter sido escrito por Lawrence Block. Acredito que Block seja responsável por tudo de razoável que tem no filme. Norah Jones ainda se procura como cantora, como quer ser atriz? Sete vidas é um filme tristíssimo. Will Smith está fazendo escola de filmes tristes. É possível passar 4 horas sozinho vendo esses dois filmes sem ter a sensação de ter perdido 4 horas de vida.
É domingo de tarde em Miracema, Luisa e Laura estão ensaiando (!!!!!!), Chicó com a mãe. Restou-me Bolívia e Brasil. E a Bolívia acaba de marcar o primeiro gol!
sábado, 10 de outubro de 2009
Meu pé de jaboticaba
Hoje não subo mais em árvores. Tudo mudou e os valores intangíveis foram sendo extorquidos de mim como um enterro qualquer. Não há remédio que faça voltar o frescor dos tempos idos.
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Mas hoje não foi exatamente um dia triste. Fiquei um pouco desnorteado de manhã, mas aprumei. O dia terminou com uma vitória do Fluminense e uma lamparina acesa no breu que se tornou a campanha do time.
sexta-feira, 9 de outubro de 2009
Finalmente Miracema!
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Já soube pelo Julio que José Luis Nascimento Silva passa muito bem. Acordado e lúcido. Foi a melhor noticia do dia. JLNS é um dos bons amigos que o trabalho me deu nesse ano. Pra quem já leu esse blog, é aquele que me trouxe o Amandio Cabral lá de Lisboa. Sofreu um acidente em Maceió e andava mal no Procardíaco. Mas agora já caminha pra melhor. Grande notícia! Que volte logo, está fazendo falta!
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Cheguei a Miracema a tempo de paquerar minhas filhas no almoço. Estão lindas como sempre. Luisa parece que pegou a reta na vertical. E o que dizer da Diô, com seus bolinhos de carne, polenta, macaxeira e um feijãozinho de tirar qualquer um do sério? E bananinha cozida de sobremesa. Comidinha muito simples, do jeito que eu adoro!
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Depois chegou Chicó e ficamos vendo os jogos da segunda divisão. O menino pegou gosto pelo esporte. É uma pena que o Fluminense não lhe dê uma alegriazinha qualquer.
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Estar aqui é muito bom. Perto dos meus, fico mais protegido.
quarta-feira, 7 de outubro de 2009
Desde que você partiu de vez
Juntaram o 007 Daniel Craig, o dentes de sabre (X men) Liev Schreiber, uma bela moça (Alexa Davalos) e uma floresta para fazer um filme sobre nazismo. Estranhamente, deu certo. Um ato de liberdade é um bom filme baseado num fato real. Não abusa dos maniqueismos, tem uma dose interessante de violência e erotismo, enfim, ótimo para passar o tempo.
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Vi também Tudo por ela, filme francês dirigido por Fred Cavayé, com dois atores que se afinaram muito em seus papéis: Vincent Lindon e Diane Kruger (foto acima). O filme conta a história de uma casal "perfeito", cuja mulher é condenada por assassinato e o marido passa o tempo todo tentando salvá-la. No final, deixa uma mensagem muito boa: é fácil fugir, difícil é ser livre.
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Desde que você partiu de vez, eu desisti da Rede Globo, do Jornal Nacional, do jantar, de caminhar pela praia, de ver TV na sala, de ler a Veja da semana , de fazer compra no super-mercado, de arrumar a cozinha, de usar fio dental direito, de tomar coca zero, de ouvir o Roberto, de ler a Playboy, de telefonar, de Arraial do Cabo, de ser magro, de ter olfato, de ser metade de algo, de acender o pavio.
terça-feira, 6 de outubro de 2009
"Mudou de cara e cabelo"
(No 49 apinhado de gente, uma moça passa por mim com uma vassoura, outra com uma bacia).
(No 49 apinhado de gente, nunca me senti tão cheio de vazios).
Nada mudou
Só mesmo o tom da voz.
domingo, 4 de outubro de 2009
Como la cigarra
"Tantas veces me mataron, tantas veces me morí,
sin embargo estoy aquí resucitando
Gracias doy a la desgracia y a la mano con puñal
porque me mató tan mal y seguí cantando
Cantando al sol como la cigarra
después de un año bajo la tierra
igual que sobreviviente
que vuelve de la guerra
Tantas veces me borraron, tantas desaparecí
a mi propio entierro fui solo y llorando
Hice un nudo en el pañuelo pero me olvidé después
que no era la única vez y seguí cantando
Tantas veces te mataron, tantas resucitarás
cuántas noches pasarás desesperando
Y a la hora del naufragio y la de la oscuridad
alguien te rescatará para ir cantando"
Pedro Aznar
Ainda ontem, quando nem sabia que estava para morrer, sonhei mostrar à Laura seu Volver a los 17, mais seu do que de Violeta, mais meu do que de Laura, que ainda vai fazer 17. Foi naquela gravação do Geraes que aprendi a gostar de você e daí pra frente nunca mais deixei de ouvir. Fui a Buenos Aires e Santiago e não voltei sem seus discos. Através deles, pude chegar a Victor, Violeta, Athaualpa, Silvio, Pablo, Charly Garcia, Leon Gieco, Pedro Aznar e tantos que você, com sua voz limpa e seu canto forte, deu a honra de cantar.
Uma vez, o falecido Chico da Moto Discos da Rua Sete (hoje uma loja de 1,99), arranjou-me um álbum duplo seu de um show gravado ao vivo na Argentina comemorando sua volta do exílio. Quase furou no "três em um" National Panasonic, aqui nesse mesmo lugar. Adorava especialmente El Cosechero, um chamamé em que você duelava com o acordeon de Antonio Tarrago Rós, depois inexplicavelmente ceifado da edição em cd.
Os discos dedicados a Violeta e Athaualpa são referências básicas para quem deseja conhecer a obra desses compositores. Esse ano presenteou-me a mim e a seu público com dois ótimos discos de duetos, procurando novas nuances para suas próprias canções, fugindo da operação caça-níqueis das coletâneas.
Enquanto gira o mundo bizarro, vão se adiantando os meus heróis, de over dose ou cansaço Mande notícias do mundo de lá.
sexta-feira, 2 de outubro de 2009
"Só dói quando eu rio"
Passei os últimos finais de semana em Salvador, Búzios, Belém e BH. Nas voltas ao Rio, só não deixei de ver os jogos do Fluminense e os capítulos de True Blood. O resto ficou meio perdido.
Deja vu
quinta-feira, 1 de outubro de 2009
Semi-morto em Belo Horizonte
Afogado num liquidificador de solidão, dor no pé e rinite aguda, ainda não sei o que será de mim aqui nesse Hotel Mercure duplo A.
Nem escrever consigo. Esse quadro do Angeli ilustra bem meu abismo.
O amor acaba
O amor acaba. Numa esquina, por exemplo, num domingo de lua nova, depois de teatro e silêncio; acaba em cafés engordurados, diferentes dos p...
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"O pauloleminski é um cachorro louco que deve ser morto a pau e pedra a fogo a pique senão é bem capaz o filhadaputa de fazer chover em...
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Depois desse hiato de muitos dias, tento retirar a trava e voltar a escrever. Ficar travado, em geral, é como respondo ao luto. Não choro, n...